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Armas atômicas matam estadunidenses

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Por IELA em 01 de fevereiro de 2016

Armas atômicas matam estadunidenses

Testes seguem ocorrendo no território estadunidense

A morte de cidadãos estadunidenses, causada por armas atômicas, a qualquer momento é um bom motivo para atacar o país que causou as ditas mortes, declarar alarma nacional, por em alerta as forças armadas, ativar os silos que contêm os foguetes nucleares e fazer várias declarações relacionadas ao perigo que isso significa para a Segurança Nacional dos Estados Unidos.
Mas, talvez alguém se pergunte: quando começou a guerra? Em que país morreram esses estadunidenses? Por que o governo dos Estados Unidos não reagiram tomando as medidas já mencionadas anteriormente?
Nenhuma dessas ações se realizou porque as armas atômicas que causaram as mortes são armas estadunidenses, no território dos Estados Unidos, segundo revelou um estudo realizado pelo doutor Lawrence Wittner, professor emérito de História da Universidade Estatal de Nova Iorque, em Albany.De acordo com o estudo, desde o ano de 1945, 107.394 trabalhadores das plantas produtoras de armas nucleares contraíram câncer ou outra enfermidade grave. Dessas pessoas, um pouco mais de 53.000 receberam uma carga excessiva de radiação nuclear, e por conta disso receberam uma indenização de 12 bilhões de dólares no total. Desse número, 33.480 morreram. 
Nessas plantas de produção se utiliza o plutônio para a fabricação das armas nucleares, por isso, justamente por conta da radição, os acidente que se originam são regularmente fatais para os trabalhadores. Entre essas empresas, uma se encontra no rio Savannah, no estado da Carolina do Sul.
Existem outras causas, também relacionadas a armas nucleares, que tem provocado a morte de cidadãos estadunidenses. Segundo o Departamento de Saúde e Serviços Humanos do governo dos Estados Unidos, entre 1951 e 1963 as provas atmosféricas de armas nucleares, realizadas em território estadunidense provocaram a morte por câncer em mais de 11 mil pessoas, ainda que o Instituto de Investigações Energéticas e do Meio Ambiente fixe a cifra em 17 mil, incluindo aí aquelas pessoas que tenham inalado ou tragado partículas radioativas. Os estudos realizados mostram que o total de pessoas nos Estados Unidos que contraíram câncer devido a essas causas passa dos 80 mil. 
A maioria dos testes nucleares que se realizam em território estadunidense são feita no deserto de Nevada. Durante a década dos anos 50 do século passado, nesse deserto se realizaram cerca de 100 explosões atmosféricas. Calcula-se que cerca de 30% das partículas radioativas contidas na atmosfera tenham sido levadas pelo vento à populações vizinhas onde vivem mais de 100 mil pessoas. Uma dessas cidadezinhas, St. George, no estado de Utah, recebeu boa parte dessas partículas, que caiam sobre os transeuntes, que as respiravam ou engoliam junto com a água que bebiam. Dentro dessas cidades existe um alto número de pessoas que padecem de leucemia e outras manifestações de câncer.
Dentro das forças armadas calcula-se que pelo menos 250 mil soldados tenham sido expostos aos testes de armas nucleares, pois os comandos militares consideram necessário que algumas de suas unidades fiquem próximas dos lugares onde acontecem as explosões nucleares como uma forma de preparação para a guerra nuclear e como experimento, para conhecer os efeitos que esse tipo de explosão pode ter na tropa, seus equipamentos e armas. Muito desses soldados morreram, outros padecem de câncer, tiveram filhos com problemas no nascimento e outros que morreram por conta disso. O governo dá uma assistência médica e compensação financeira para os soldados que passaram por isso. 
O estudo realizado pelo doutor Wittner inclui também os efeitos que originam a produção de armas atômicas às pessoas que trabalham nas minas de urânio, algumas delas localizadas em territórios indígenas, os quais trabalham na extração desse perigoso mineral. Os estudos realizados sobre o grupo de pessoas envolvidas nas fabricação das armas nucleares atestam que entre essas pessoas acontecem muitas mortes prematuras provocadas por  câncer no pulmão, tuberculose, outras doenças de pulmão e doenças no sangue. 
Se forem totalizadas as cifras expostas nesse informe e outras já publicadas pelo Departamento de Defesa, por outras instituições do próprio governo dos Estados Unidos vinculadas aos problemas de Energia, Saúde e Veteranos, o número de residentes nos Estados Unidos afetados por distintas causas relacionadas a fabricação de armas nucleares chega a uma soma de 587.394, dos quais já morreram até o momento cerca de 65.480.
Esta tragédia nuclear, que anualmente custa a vida de um grande número de estadunidenses não está diretamente relacionada com a guerra, mas com a preparação para a mesma. Uma boa maneira de salvar a vida dessas pessoas e de outras mais nos distintos países do mundo é justamente garantindo o desarme nuclear, total e completo. 
Com essa medida, não apenas serão salvas milhares de pessoas, mas também o mundo em que vivemos. 
Néstor García Iturbe é doutor em História.

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