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O México bárbaro da modernidade

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Por IELA em 26 de setembro de 2017

O México bárbaro da modernidade

 

Os jovens mexicanos na luta cotidiana

A Cidade do México esparrama-se por um extenso vale rodeado de vulcões e sacudido por terremotos. O povo asteca, quando fundou Tenochtitlán (1325), usou todo o seu conhecimento para conviver em harmonia com esta natureza explosiva e surpreendente. Eles eram em torno de 300 mil quando os espanhóis conquistadores por aqui chegaram. No meio do Lago de Texcoco estavam seus templos, seus palácios e sua Universidade, pois fora exatamente ali que eles viram uma águia pousada sobre um nopal devorando uma serpente, local indicado por seus deuses para construir sua morada.
Trezentos anos de um colonialismo predador, seguidos de duzentos de um capitalismo voraz, conseguiram envenenar suas águas, poluir seus ares, diminuir a vida de seu povo e acelerar uma especulação imobiliária descontrolada. A maravilhosa Tenochtitlán de então se tornou o México moderno de hoje. A modernidade, dizia Walter Benjamim, é sempre bárbara.
– E agora, que fazer? Este país passou por três grandes revoluções; a da Independência de 1810, que lhes deu Pátria; a de Ayutla de 1854, que lhes proporcionou um completo domínio sobre o poder da Igreja Católica; e a de Zapata e Villa de 1910, que lhes devolveu a terra roubada e a liberdade usurpada. Todas as três foram interrompidas pelo tempo e devoradas por sua classe dominante. Talvez, esteja em gestação a quarta. Os tempos históricos, que são distintos dos cronológicos, dirão.
A professora Beatriz, que dá aulas de Humanidades no Instituto Politécnico Nacional e nas horas de folga faz “ricos tamales de maíz”, me dizia que passou a sentir um ar de esperança com os jovens que estão se mobilizando na organização solidária deste terremoto. Eles, talvez só eles, com uma pá na mão e um cartaz no peito, poderão varrer do mapa esta categoria de políticos que se apossou do poder, que pôs o México de joelhos diante de Washington, que entregou as riquezas para as grandes empresas do mundo e que criou um país dependente e subdesenvolvido.
Assim surgiu, também, o tímido Zapata. Uma vez eleito por sua comunidade de Anenecuilco para comandar a grande luta pela recuperação da terra, ao ler os documentos amarelados que certificavam quem eram os verdadeiros proprietários dos terrenos e ao beber as profundas águas da dor de seu povo, jorradas desde os tempos memoráveis da conquista, se levantou como um furacão com o lema “Terra e Liberdade” e a revolução explodiu qual rastilho de pólvora por todo o país. Pequenas organizações podem gerar grandes movimentos, quando não verdadeiras revoluções. O tempo dirá.
 

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