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Um cordel desde Recife

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Por IELA em 20 de fevereiro de 2020

Um cordel desde Recife

 

“Eu me chamo Allan SalesMenestrel do CaririVim do Crato pra o RecifeAté hoje vivo aquiNesta terra hospitaleiraNa Veneza BrasileiraOnde criei-me e cresci.”
“Saravá seu Nildo OuriquesUm doutor que nos ensinaSobre nossa PÁTRIA GRANDENa América LatinaO valor que isso revelaSalve o povo do IELALá em Santa Catarina
 
Recebemos do cordelista Allan Sales um texto de cordel sobre a América Latina e suas lutas, o qual reproduzimos aqui, para celebrar esse gênero específico de literatura popular.
Allan é nascido no Ceará, mas vive em Recife desde 1969. Estudou violão erudito e compõe desde 1982 peças de música popular. Já fez 15 trilhas originais para teatro e recebeu vários prêmios por esse trabalho. Começou com a literatura de cordel em 1997 publicando EPOPÉIA CORDELISTICA DO BRASIL (a História do Brasil em cordel de Cabral a FHC). Em 1999 fez, de maneira artesanal, o seu primeiro folheto O TRABALHO DE BRENNAND. É autor de mais de 300 folhetos publicados pela UNIVERSALES CORDELARIA, a menor editora de cordel do Brasil, tem apenas um diagramador, ilustrador, editor e produtor: ele mesmo.
Sua poesia é a crítica cortante da realidade brasileira e latino-americana. Como nós, também acredita na possibilidade da Pátria Grande.
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Sobre a América Latina
Varridos do orienteOs cães imperialistasVorazes capitalistasVem pra nosso continenteExplorar a nossa genteCom a fome mais lupinaAqui a elite suínaQue que dar pra tais boçaisOs recrusos naturaisDa América Latina
E pra isso o fascismoQue engendram pra domarOs direitos detonarSem falar do entreguismoTodo autoritarismoCom a fúria vil caninaPois aqui é uma minaDe riquezas mineraisOs recrusos naturaisDa América Latina
Ouro negro do pré salTambém na VenezuelaA Bolívia por tabelaPadece do mesmo malTraição de generalTribunal nesta latrinaO império determinaE o conluio dos venaisPor recursos naturaisDa América Latina
Mão de obra bem barataUma massa que é refémNão se vê quem os detémTais bandidos de gravataO passado nos relataTodo saque e chacinaIsso sempre que culminaEm matanças bestiaisPor recursos naturaisDa América Latina
“Deep state” americanoPorco imperialismoQuer o autoritarismoPra manter poder insanoAnti povo e desumanoUm processo de rapinaCom a casta mais ladinaMagistrados generaisPor recursos naturaisDa América Latina
É tão pouca reaçãoCom esquerda divididaNovamente desunidaVai sem rumo sem noçãoSe não quer revoluçãoPra desgraça não atinaDe encenar fala ferinaNão muda coisas reaisPor recursos naturaisDa América Latina
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Sobre a política brasileira
O Lulinha operárioQue chegou a presidentePra uma elite resistenteFicou menos temerárioNão revolucionárioFez acordo com chacaisAlencar e industriaisA governabilidadeE fez com habilidadeE os tempos não voltam mais
 Mas pensou em inclusãoE criou uns instrumentosSociais esses fomentosAlgo de compensaçãoE sem ter revoluçãoAzeitou as estataisOs programas sociaisNegros na universidadeCom a batuta do HadadE os tempos não voltam mais E nos BRICS se juntouÍndia com a Rússia e ChinaÁfrica do Sul na sinaE o império não gostouO Lulinha encarouFúrias internacionaisDe ianques tão brutaisE europeus seus aliadosDa OTAN os paus mandados                          E os tempos não voltam mais
E a Dilma indicouPara sua sucessãoOito anos teve entãoE a tantos agradouO burguês se arretouE aos poucos deu sinaisAs TVs e os jornaisDetonando os petistasO ensaio dos golpistasE os tempos não voltam mais
 O mandato que primeiroTeve sim a turbulênciaEstrangeira ingerênciaTeve aqui o tempo inteiroO império interesseiroNo pré sal e outros maisFez as coisas imoraisPra evitar reeleiçãoMas Dilmou nossa naçãoE os tempos não voltam mais
E assim foi conspirandoToda mídia com congressoO golpismo no processoAqui foi realizandoO PT demonizandoLava jato tribunaisPor detrás os vis metaisSérgio Moro cão da CIAPra ferrar democracia                          E os tempos não voltam mais     
Lula foi encarceradoDona Dilma derrubadaNos direitos só patadaFoi o Temer um desgraçadoO desmonte do estadoCaros gasolina e o gásPara as multinacionaisO pré sal foi repartidoE o Brasil nosso vendidoE os tempos não voltam mais O fascismo em nossa portaAssombrando esta naçãoLula a conciliaçãoHoje ela está mortaE a lei hoje é tortaGolpistas os tribunaisAloprados generaisA esquerda em polvorosaQue já foi mais corajosaE os tempos não voltam mais
 
As milícias do fascismoCom policiais no meioE os crentes no recheioTosco fundamentalismoQue se dane o pacifismoReações sejam reaisDe esquerdas visceraisEles vem com violênciaEu perdi a paciência                         E os tempos não voltam mais
Os direitos do povãoAs riquezas do pré salO golpista mais venalNos vendeu por um tostãoUm fascista fi do cãoE fascistas bestiaisA TV e seus canaisTudo foi manipuladoLula foi encarceradoE os tempos não voltam mais
Esquerda demonizadaPor matérias na TVA caçada ao PTNa pressão a milicadaClasse média alienadaContra cotas raciaisUm congresso de venaisDos maiores mandriõesOs calhordas mais ladrõesE os tempos não voltam mais
Reação muito mirradaQue o diga o PCODesatar aqui o nóCombater essa cambadaA população lesadaNo salário dos braçaisAbraçaram capitaisA ganância do rentismoE namoram com o fascismo                         E os tempos não voltam mais
 

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