Os militares e a tentativa de golpe no Brasil
Texto: Elaine Tavares
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O físico e engenheiro José Walter Bautista Vidal. Foto: Milca Santos
Nicolás Maduro, não por acaso escolhido por Hugo Chávez para ser o seu sucessor, hijo espiritual de Bolívar e Martí, é alvo de ataques imperialistas por causa do petróleo.
A capacidade de resistência do povo venezuelano lembra a do Vietnã.
Em meados dos anos 80, Brasília, Bautista Vidal entrou em contato com o ministro da energia da Venezuela. Assunto: a produção de dendê a fim de pouco a pouco ir substituindo o petróleo. O dendê da Amazônia poderia produzir mais energia do que o petróleo da Arábia Saudita.
O detalhe da natureza privilegiada da Venezuela é estar verticalmente debaixo do sol dos trópicos. Empolgado, telefonou-me dizendo que o nosso livro “Poder dos Trópicos” iria ser traduzido para o espanhol. Vamos fazer agora um prefácio venezuelano. O livro, não sei lá o motivo acabou não saindo, mas o prefácio foi escrito em 2004, o qual agora a jornalista e editora Elaine Tavares dará ao público ledor.
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Prefácio
Este livro à disposição dos leitores da Venezuela acreditamos que sirva à necessária transição energética na América Latina: do fóssil à biomassa vegetal. Há muito sabemos que o petróleo não estendeu o progresso à maioria do povo venezuelano.
Recordemos as palavras de um dos grandes escritores da Venezuela, Ludovico Silva, marxista, poeta, filósofo, que conhecia as entranhas de sua pátria. Escreveu em 1986, pouco antes de morrer, em seu magnífico Filosofia de la Ociosidad, discorrendo sobre o inferno de Dante Alighieri e Arthur Rimbaud: “Quanto a nós, nesta pequena província do reino de Deus temos, para nos entreter e contrair dívidas, o excremento do diabo, ou seja, o petróleo”.
O verdadeiro poder dos trópicos não é o petróleo poluente e finito e sim a eterna energia da biomassa. O petróleo venezuelano terá um destino socialmente emancipador se for utilizado para produzir simultaneamente energia e comida com os vegetais em pequenas propriedades. Esse é o binômio revolucionário da biomassa: energia e comida plantadas ao mesmo tempo, criando milhares de empregos no campo e desinchando as megalópoles.
A Venezuela saindo do petróleo poderá deixar de ser “a vitrine ianque”, como denominou Darcy Ribeiro em seu livro de 1977, As Américas e a Civilização. É o que se descortina com a perspectiva de uma agricultura produtora de comida e energia, empregando a população, ocupando o próprio território e resolvendo o problema do inchaço de Caracas.
O assunto deste livro é a alienação energética que nos torna alheios ao espaço e ao tempo, desconectados da geografia dos trópicos. Os autores somos brasileiros, vivemos na maior nação tropical do planeta e, até hoje não conseguimos nos desenredar da alienação energética que traz tanto sofrimento e humilhação do povo.
O imperialismo, com a sua ideologia difundida pelas universidades e meios de comunicação, primeiro quis nos convencer que em nosso subsolo não havia sequer uma gota de petróleo, atualmente nos quer atrelados ao petróleo.
O objetivo da rapinância imperialista neste século XXI não é senão apossar-se do território dos trópicos com grandes plantations de biomassa. Assim, o eixo geoenergético mundial transladar-se-á do Oriente Médio para as florestas úmidas da América do Sul.
A verdade histórica é que chegou a hora e a vez dos trópicos. Para o bem se a energia da biomassa for utilizada a favor do povo; para o mal se estiver sob o controle das multinacionais e do capital estrangeiro.
Situada no trópico, a Venezuela é privilegiada do ponto de vista da energia futura, se porventura valer-se do hidrato de carbono para construir a civilização da fotossíntese. Num país em que a industrialização neocolonizadora e a modernização reflexa foram movidas com petróleo, é compreensível que este assuma um caráter fantasmagórico.
Ancorado no dólar e no petróleo, o poder imperialista almeja manter o seu domínio com invasões e guerras. Saddam Hussein do Iraque foi derrubado porque atreveu-se a romper o vínculo dólar-petróleo. A mesma coisa talvez poderá suceder com o Irã.
Uma OPEP verde na América do Sul sem dúvida pode ser um alívio às tensões internacionais com a substituição dos combustíveis fósseis pelos derivados da energia da biomassa. É o autodesenvolvimento, o “desenvolvimento endógeno” no dizer do comandante Hugo Chávez.
Marcelo Guimarães Mello, geólogo e entendido em florestas tropicais, quando soube que o livro Poder dos Trópicos iria ganhar edição venezuelana nos encarregou de transmitir um recado para Hugo Chávez. É que a Venezuela, invés de exportar seu gás in natura, deveria fazer dele adubo para exportação, uma vez que a agricultura no mundo inteiro depende dos fertilizantes nitrogenados.
A Venezuela não pode prescindir de sua floresta para produzir a energia de maneira múltipla, inclusive a elétrica. Se empreendida numa moldura nacional e popular, a transição energética do fóssil para o vegetal significará a experiência pioneira e revolucionária na história da humanidade, ou seja, a Venezuela dará o salto evolutivo da petroquímica à alcoolquímica.
Bautista Vidal e Gilberto Felisberto Vasconcellos
Brasília – Juiz de Fora – Petrópolis, 7 de junho de 2006.
Texto: Elaine Tavares
Texto: Elaine Tavares
Texto: Gilberto Felisberto Vasconcellos
Texto: IELA