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Santa Catarina e as doações: ajude a fiscalizar

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Por IELA em 11 de fevereiro de 2009

Santa Catarina e as doações: ajude a fiscalizar

Por Schirlei Azevedo Ribeiro – assessora em saúde do trabalhador e militante no movimento de mulheres
Em questão de horas tudo o que foi construído durante anos estava destruído. Cidades inundadas, regiões devastadas, mortes, soterramentos, famílias só com a roupa do corpo, milhares de animais abandonados, patrimônios históricos arrasados, sofrimento…
Quase todo brasileiro ainda tem na memória essas imagens da tragédia que atingiu o estado de Santa Catarina no final de 2008. Assim como nós, catarinenses, temos na memória a pronta solidariedade de brasileiras e brasileiros.
De todos os cantos do País, nos mandaram alimentos, colchões, roupas, sapatos, água, medicamentos, dinheiro. Trabalhadores anônimos fizeram questão de doar um pouco do já pequeno salário. Mais de R$ 32 milhões foram depositados na conta da Defesa Civil do Governo do Estado de Santa Catarina. Isso sem falar dos recursos emergenciais liberados pelo presidente Lula para ajudar a reconstruir nosso estado.
Apesar da dor, um alento. Logo, porém, começaram as denúncias de maus tratos nos abrigos por parte dos seus coordenadores, da polícia. Profissionais de saúde foram proibidos de entrar e entregar remédios a quem precisava. Colchões não chegavam lá. Faziam aipim [mandioca] com casca para os abrigados, como se estivessem juntando lavagem para porcos. A água mandada para a família do “seo” João na periferia de Itajaí ou da dona Maria, em Blumenau, “ficava no caminho”. O galpão de doações de Ilhota, uma das cidades mais castigadas, teve que ser ocupado pelas pessoas atingidas para que tivessem acesso a roupa, comida, água.
Deu vontade de dar um basta: brasileiros e brasileiras parem de doar! O dinheiro de vocês não está sendo usado para beneficiar quem realmente precisa. Mas a razão prevaleceu. Há gente que, infelizmente, ainda necessita muito das doações.
Denunciamos tudo isso. Organizamos manifestações na assembléia legislativa, nas câmaras municipais de várias cidades do Vale do Itajaí. Quase 70 dias depois, continuamos repetindo as mesmas perguntas. Onde estão sendo aplicadas as doações? Quando o governo do estado prestará conta? Como será a prestação de contas? Quem está definindo as prioridades? Continuamos sem as respostas.
As áreas turísticas de Itajaí, Balneário Camboriu, estão uma “beleza”, mas a periferia…
Blumenau vive um caos sem fim. A situação dos desabrigados é vil, desumana, degradante. Viram a foto dos cubículos de madeira? Pois é esse “galpão” no bairro de Itoupava  Seca, mandado construir pelo prefeito João Paulo Kleinübing / DEM, que está recebendo as famílias ainda desabrigadas pelas enchentes. É tão precário que o Ministério Púbico de Santa Catarina abriu uma investigação.
Aprovou? Nem nós. Queremos muito as doações. Mas queremos respeito, dignidade, transparência, participação, comprometimento, solidariedade, justiça. Queremos a fiscalização da aplicação dos recursos doados tanto pela sociedade civil brasileira quanto pelo governo federal e com a nossa participação na tomada de decisões.
Temos que agir rápido antes que a grana suma. Por isso, pedimos mais uma vez a vocês, brasileiros. Juntem-se a nós. Sejam mais uma vez solidários. Agora, para fiscalizar o destino do dinheiro doado às vítimas das enchentes.  Ajude-nos a evitar que escorram pelos “ralos” errados.
Como? Envie um email para urgentesantacatarina@gmail.com Diga o que você sente lendo e vendo isso. Ajude-nos a exigir transparência na aplicação dos recursos que brasileiros e brasileiras doaram. Encaminharemos as manifestações ao Ministério Público Federal, Estadual, Governo do Estado e Assembléia Legislativa.

Esses “galpões” estão sendo construídos para eles.
Se nada for feito rapidamente, desabrigados de Blumenau correm o risco de ser “encaixotados”.
* Schirlei Azevedo Ribeiro é assessora em saúde do trabalhador e militante no movimento de mulheres; uma catarinense em defesa de uma sociedade justa e igual.

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