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Histórias que o vento não leva

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Por Gilberto Felisberto Vasconcellos em 31 de março de 2023

Histórias que o vento não leva

Foto: Retirada do filme Jango – 1984 de Silvio Tendler

Brizola, Lula, Collor, FHC, Bolsonaro e madame Tebet

O bolsonarismo de reserva é página virada na história. Não terá mais condições de se recompor.

Nascido artificialmente de cima para baixo, é difícil que sobreviva fora do poder.

Melancólico epílogo, sem plateia e sem massa, com medo de ser engaiolado.

Não se esqueçam, no entanto, que para vencê-lo foi necessária uma frente ampla com várias cores e retalhos.

O PT veio ao mundo como frente, dizia Leonel Brizola acerca de seu caráter heteróclito, católicos, sindicalistas, professores, universitários, liberais e marxólogos.

Na vida de Lula há um tempo menor transcorrido na fábrica do que no Palácio, três vezes presidente da República, o que é uma singularidade na história do Brasil.

Deixará o poder com 80 anos de idade e ninguém é capaz de antever com qual sentimento subjetivo e com qual realidade objetiva.

A história é imprevisível. Um Lula aplaudido pelo povo com coragem política ou um líder desfibrado, fraco e pusilânime, ante as exigências da luta de classes.

Vejo-o sob um prisma dúplice em seu relacionamento com o trabalhismo de Leonel Brizola depois do retorno deste do exílio, e na oposição ao neoliberalismo obscurantista de Jair Bolsonaro e

Paulo Guedes, indo da prisão à jubilosa vitória eleitoral.

Deixei claro em vários livros, Brizula o Samba da Democracia; Collor a Cocaína dos Pobres; A Jangada do Sul, Depois de Leonel Brizola, que Lula errou em 1989 ao recusar a chapa Brizula contra Fernando Collor. Ao derruir Leonel Brizola ajudou a eleger Fernando Collor. Um infortúnio para o país. Mais tarde Leonel Brizola foi o seu vice em uma chapa derrotada por FHC.

Leonel Brizola errou em ser seu vice. A cabeça da chapa deveria ser Brizula, não Luzola.

O nome Brizula é lindo, soa bem aos ouvidos, parece samba de Nelson Cavaquinho enquanto Luzola, aqui para nós, soa péssimo. A vitória de FHC antecipou a privatização de Paulo Guedes.

Ao recusar a composição Brizula, Lula pisou na bola. Louve-se por ter ele tirado Jair Bolsonaro do poder. Isso, afinal, o redime por ter ajudado Collor a chegar à presidência? Uma mão lava a outra, se bem que como dizia Engels em carta a seu amigo Karl Marx: a luta de classes é profana, então há que julgar os responsáveis por Jair Bolsonaro ter sido eleito presidente da República.

Frente ampla foi uma jogada safada de Carlos Lacerda depois de 1964. Jango aderiu à Frente Ampla com Jotaká. Leonel Brizola recusou essa aliança com os seus adversários de ontem, ou seja, os golpistas de 64.

É muito difícil governar com Frente Ampla. A classe dominante não opera no vazio. Descortina-se com o horizonte sombrio PT se porventura capitular sem lutar.

O objetivo do fascismo consiste em destruir as organizações operárias, mas estas já estão desmoronadas, incluindo os sindicatos da burguesia. Por mais amistosa e amável que seja a madame Simone Tebet, o consórcio com o pop agrobusiness não é inocente.

Ex-bolsonara, Simone Tebet, a vedete da imprensa pode ser um cavalo de troia no governo Lula.

O caminho já está palmilhado para as próximas eleições: a senadora será a representante da propriedade rural multinacionalizada com o perfume Globo Nius.

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