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Algumas falsificações na nossa História

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Por IELA em 31 de janeiro de 2020

Algumas falsificações na nossa História

 

 
Selecionei quatro significativas falsificações da nossa História e acrescentarei a mais recente a essa lista esclarecendo que a afinidade política e geopolítica entre elas ,vista sob qualquer ângulo, foi, é e sempre será, o de impedir que o nosso país se torne uma nação soberana e que tenha um projeto próprio de pátria para o nosso povo, onde haja dignidade e orgulho em ser brasileiro e as desigualdades, se aceitas, sejam apenas pelas diferenças de aptidões vocacionais e de escolaridade e não as originárias da exploração do trabalho entre as distintas classes sociais.
– Em 1921 são publicadas no Correio da Manhã duas cartas atribuídas ao candidato Arthur Bernardes com ofensas aos militares e ao seu rival Nilo Peçanha, candidato mulato à Presidência da República;
– Em 1937 – O Plano Cohen – é anunciada a existência de um plano político para impedir a presença no governo do então presidente Getúlio Vargas;
– Em 1938 – O Acordo Roboré- é assinado esse tratado com a Bolivia que ao final implicou em perda do território nacional, liberação das garantias das dívidas contraídas pela Bolivia e apoio aos trustes para a exploração de petróleo;
– Em 1955 – A carta Brandi – é publicada uma carta onde é anunciada a criação da república sindicalista a ser conduzida pelo ministro João Goulart por influência do governo argentino;
-Em 2010/2012 – O Mito da Petrobrás Quebrada – a poderosa mídia inicia a falsificação dos prospectos exploratórios da empresa divulgando a inexistência do Pré-Sal.
Simultaneamente a Petrobrás inicia um confiante programa de vultosos investimentos na exploração de petróleo em águas profundas, programa esse que vai constituir a dívida e que este, no prazo técnico, colocará o país como possuidor de grandes reservas de petróleo e gás. O acerto dos técnicos da Petrobrás jogou por terra todas as falácias da mídia e dos últimos dirigentes da empresa. A Petrobrás é respeitada por todos os setores da economia mundial menos pelo governos -Temer e o atual – e por seu corpo dirigente – Direção e Conselho – que continuam divulgando a necessidade de fatiá-la para vendê-la esquartejada, agindo de modo irresponsável em relação às incertezas do futuro e falseando os argumentos em relação à divida.
As reservas provadas em 2018 atingiram o expressivo volume de 12 bilhões de barris e uma produção diária de 2.2 milhão de barris/dia. Esses números são suficientes para indicar o quanto tornou-se poderosa a Petrobrás e como foi acertado o seu planejamento. Por essa razão, o atual presidente da empresa, que, acordado ou sonhando, sempre de forma medíocre, vem acelerando o leilão de suas subsidiárias, alegando que, em fase anterior, o grau de corrupção em sua estrutura e o suposto sufocamento da dívida consolidada inviabilizam a empresa. A dívida, na verdade, vem sendo reduzida e a redução tem origem em recursos próprios (75%) e 25% pela venda desnecessária de ativos rentáveis ,lesando a pátria dessas reservas patrimoniais, e desfigurando, assim, propositadamente, a sua estrutura integrada-do poço ao posto – característica da indústria do petróleo.
O plano que vem sendo urdido e executado para fazer desaparecer a herança nacionalista da era Vargas, em vários setores, ganha a partir de FHC indescritível e irresponsável autonomia no governo Temer e aceleradamente no atual para a venda do patrimônio público, encontrando pouca resistência e combate na sociedade civil e, mais ainda, o estranho silêncio e conivência de pequena parte das forças armadas que ocupa postos junto ao Capitão Presidente.
Herança Nacionalista precisa ser resgatada
Os anos 50/60 foram um rico período histórico na constituição do pensamento nacional e onde o Estado ganhava a relevância necessária para se contrapor ao avanço da ação imperialista instrumentalizada pelo multinacionais. A ideologia neoliberal, uma das ardilosas facetas do capitalismo, que se transforma permanentemente, para manter o domínio sobre as condições que tornam refém o subdesenvolvimento dos países periféricos e apropriar as vantagens da exploração das relações de troca. Foi um rico momento de nossa história que permitiu um impulso de desenvolvimento técnico próprio e de crescimento econômico por cinco décadas. Nessa fase, surgem, a siderurgia, o ITA,o IME ,a Embrapa,a Embraer, a Petrobrás ,a Vale do Rio Doce,a Eletrobrás, a indústria petroquímica, as Escolas Técnicas, etc,etc, e um corpo de abnegados brasileiros, cientes do significado politico das ações colonialistas e resistentes em suas convicções de que tínhamos a responsabilidade de procurar ultrapassar as etapas do forçado subdesenvolvimento.
Foram estruturadas instituições civis e militares que balizaram as ações nacionalistas em defesa da soberania do pais em buscar seu destino civilizatório. Cito como exemplo na sociedade civil a ABI, o Clube de Engenharia, a UNE, o ISEB, a CGT, a editora Civilização Brasileira, Frente Parlamentar Nacionalista, os intelectuais e tantos outros estamentos e cidadãos, conduzidos por personalidades que vão merecer sempre destaque na nossa História, e cito apenas alguns: Barbosa Lima Sobrinho, Gabriel Passos, Leonel Brizolla, Guerreiro Ramos, Caio Prado Junior, Nelson Wernek Sodré, Enio Silveira, Osny Duarte Pereira, Josaphat Marinho, Alberto Pasqualini, Landulfo Alves, Alvaro Vieira Pinto, Darcy Ribeiro, J.W.Bautista Vidal, Jesus Soares Pereira, Romulo de Almeida e que deixaram um legado de pensamento, exemplo cívico e ação em busca da construção de um pais soberano e da redenção social do nosso povo. 
Na profícua obra de combate e de denuncias de Gilberto Felisberto Vasconcellos em defesa do nosso país, encontram-se várias biografias de alguns desses citados personagens enaltecendo o significado de suas lutas. 
Do mesmo modo, com a mesma ênfase, merece destaque os militares nacionalistas que preencheram e acredito ainda preenchem majoritariamente as Forças Armadas, quer na Colônia, no Império e na República e nos tempos atuais.
Recolhendo nos registros da História, encontramos o Marechal Lott que declarou: ”A Petrobrás é intocável”, em resposta a presença do secretário americano, Mr. Dulles, que veio em visita ao Brasil principalmente para alterar a política vigente sobre o petróleo. A declaração do Clube Militar:”O Brasil só estará presente onde estiver a Petrobrás, e esta, onde estiver, é intocável.”
O Marechal Ademar de Queiros que, em 1964, recebeu ordem para encerrar as atividades da Petrobrás e retornou ao então presidente e afirmou: ”A Petrobrás é composta de técnicos de elevado valor, de idealistas e de trabalhadores que lutam pela busca do petróleo. A Petrobrás deve ser apoiada.”
O General Camrobet, comandante do EMFA, que rejeitou a proposta do General Juarez Távora,que admitia o capital estrangeiro na exploração do petróleo.
O General Edmundo de Macedo Soares,defensor da Petrobrás e impulsionador de Volta Redonda.
O General Claudino de Oliveira e Cruz; o General Jair Dantas Ribeiro; o Brigadeiro Moreira Lima; o Cel. Aviador Anderson Marcarenhas; o Almirante Faria Lima; e, mais recentemente, o General Ernesto Geisel, que na condição de presidente da Petrobrás empreendeu notável impulso ao crescimento da empresa e, como Presidente da República, conduziu o país rumo à sua soberania, buscando na energia nuclear um sinal de autonomia, dando ênfase também à industrialização e interrompendo o Acordo Militar com os Estados Unidos .
Não é possível comparar os valores intelectuais, éticos, técnicos, morais dos personagens que lutaram para dignificar nossa História, alguns citados nessas linhas, quer no campo civil como no militar, com os ocupantes  das funções de governo do governo Temer e do atual, como sintetizou a Jornalista Tereza Curvinel: ”As mentiras politicas precisam ser combatidas todos os dias, de modo taxativo, com todas as letras. Um país não pode fazer vista grossa a mentiras deslavadas de seu governante.”
Mesmo constatando a lamentável omissão do corpo técnico da Petrobrás e de sua Diretoria às falácias do  atual presidente em relação à venda de suas rentáveis subsidiárias, torna-se necessário enaltecer a importância da AEPET, que é composta por engenheiros, economistas, administradores, advogados que, reunidos, vêm produzindo um dos mais ricos acervos técnicos e políticos sobre a politica energética do país, em especial a renhida defesa da Petrobrás com base nos documentos oficiais e oferecendo ao público interpretação honesta de seus balanços. A Aepet representa a barreira técnica contra as falsificações, contra a manipulação criminosa de seus balanços,e demonstrando à saciedade a desnecessidade de vendê-la.
A atual Direção da empresa acaba de desmoralizar-se ao pedir desculpas a dois mil empregados que haviam sido envolvidos injustamente no esquema de corrupção, ajudando assim, à época, a criar a falsa imagem do grau de descrédito da Petrobrás junto à sociedade. Os poderosos empresários privados, os principais partidos políticos e membros da Diretoria protegidos em seus cargos pelo Planalto e talvez menos de uma dezena de empregados do segundo escalão, todos desclassificados moralmente, presos e apenados, e em conluio com esse movimento politico de perpetuação no poder e com forte orientação externa, que objetivavam e alcançaram a quebra de setores fundamentais da nossa economia – a competente engenharia civil e a Petrobrás, que tornou-se a vitima mais importante.
A omissão, o silêncio, a acomodação são atos de ação favorável a esse atual grupo de poder que destrói as poucas conquistas sociais alcançadas em um dos países mais ricos, sob qualquer aspecto, e dos mais desiguais também sob qualquer aspecto, do planeta.
Sylvio Massa de Campos é economista e ex-diretor da Petrobras Distribuidora
 

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