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Chilenos protestam contra o TPP

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Por IELA em 09 de agosto de 2015

Chilenos protestam contra o TPP

População quer saber o que se esconde nas letras do tratado

Os movimentos sociais do Chile denunciam uma negociação que o governo vem fazendo secretamente, que permitirá o acesso de empresas estrangeiras aos recursos naturais, propriedade intelectual, internet e áreas financeiras do país, inclusive mudando leis para garantir os investimentos desses parceiros. É o chamado TPP ( sigla em inglês do Plano Trans-Pacífico), tratado econômico que engloba 12 países e é liderado, obviamente, pelos Estados Unidos. 
Como o projeto ALCA, o tratado de livre comércio criado pelos EUA, foi esfacelado pela ideia liderada por Hugo Chávez, a ALBA, as negociações tinham tomado um caminho bilateral, com os Estados Unidos fazendo acordos em separado com alguns países. Agora, sem o líder venezuelano, os EUA voltam ao ataque, buscando reunir o maior número de países sob seu controle, buscando novos mercados para os produtos e serviços estadunidenses. 
No Chile, os militantes sociais insistem que esse é um dos tratados mais obscuros a que o país está se integrando, e que as informações sobre ele só conseguem ser acessadas através de alguns documentos vazados pelo WikiLeaks. O perigo maior, advertem, é justamente o segredo no qual é envolvido, com a sociedade completamente no escuro. O único que parece certo é que as grandes corporações haverão de ter um poder gigantesco sobre a vida do país e seus recursos.
Além do Chile, estão assinando o TPP países como o Japão, Austrália, Nova Zelândia, Malásia, Brunei, Singapura, Vietnam, Canadá, México e Peru. Como se pode ver, todos eles circulando na mesma órbita dos Estados Unidos.
A militante Sara Larraín, que atua em uma ONG, a Chile Sustentable, diz que, diferentemente dos tratados anteriores, nesse o governo não está divulgando o conteúdo da minuta de negociação, logo os chilenos estão totalmente desinformados sobre as consequências do acordo para a vida cotidiana de cada um. Tirando o que se sabe do que vazou pelo WikiLeaks, o demais tudo é secreto. Tudo leva a crer que a negociação venha a beneficiar muito mais aos Estados Unidos do que o Chile, exatamente com era a proposta da ALCA, ou seja, em primeiro plano ficariam os interesses das empresas estadunidenses.
A proposta de um acordo trans-pacífico é de iniciativa dos Estados Unidos, que quer abrir mercado até a região asiática via Oceano Pacífico, usando para isso os países latino-americanos. Para isso busca fortalecer os acordos que já existem com países como México, Peru e Chile. No caso do México, vigora o Nafta, desde os anos 90 e com Chile e Peru vigoram tratados bilaterais, que agora podem ficar ainda mais leoninos. Para os movimentos sociais, é muito preocupante que empresas transnacionais acabem ficando com o controle de setores como energia e água. Conforme os documentos vazados, a intenção é rapinar os recursos naturais e garantir também a propriedade intelectual sobre o conhecimento, de maneira que seja funcional à economia estadunidense. Há informações de que já se estaria pensando em mudança nas leis, permitindo que os investidores estrangeiros sejam considerados “nacionais” e que qualquer desacordo com a política do Chile seja resolvido fora do país, em tribunais internacionais, o que seria uma perda absoluta de soberania.  
Para Sara Larraín isso nada mais é do que o novo colonialismo agindo, abrindo o estado chileno para uma dominação transnacional. “Não só no campo da economia, mas também no do conhecimento, visto que tomarão contas das nossas descobertas, bem como nos imporão patentes sobre plantas e animais, destruindo nossa agricultura”. 
María Isabel Manzur, também da ONG Chile Sustentable, agrega que o governo chileno nunca se preocupou em proteger as sementes tradicionais e que, com esse acordo, acabará por prejudicar os agricultores que continuam resistindo às grandes empresas de sementes estéreis e transgênicas. Tudo parece estar caminhando para uma dominação total das transnacionais nesse campo da agricultura.
Nas ruas, os movimentos sociais insistem que se abra a caixa-preta da negociação para que os chilenos possam ao menos saber o que está em jogo.
Com informações de : http://www.contrainjerencia.com/

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