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Colômbia: rumo ao segundo turno

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Por IELA em 30 de maio de 2022

Colômbia: rumo ao segundo turno

Foto: El Espectador

Terminada apuração dos votos confirma-se o que já apontavam as pesquisas de boca de urna. Gustavo Petro, da Coalisión Pacto Histórico, ficou em primeiro lugar com 8.527.768 votos, o que configura 40,32 %. Em segundo ficou o milionário Rodolfo Hernández, da Liga de Gobernantes Anticorrupción, com 5.953.209 votos, o que dá 28,15 %. A abstenção foi de 40%.
O resultado, que rechaçou o grupo de Uribe, já se configurava desde duas semanas antes da eleição, com a subida repentina de Hernández, que também apareceu como uma candidatura antissistema, só que pela extrema direita. Seu discurso de combate à corrupção e a fala de que, por ser rico, não teria necessidade de roubar, acabaram capturando uma fatia muito significativa dos votos. Usando a estratégia de não participar dos debates, comunicando-se apenas pelas redes sociais, Rodolfo Hernández segue a linha de Trump e Bolsonaro: mesmo sendo cria do sistema aparece como um crítico feroz. 
Agora, com o fim da polarização entre a esquerda e o tradicional uribismo, novos cenários se abrem para o segundo turno das eleições que será em 19 de junho. Como Petro não avançou mais do que os 40% que já eram sabidos, o candidato que tem mais chance de crescer é justamente o azarão Hernández. Ele certamente vai agrupar em torno de si todos os grupos que não querem ver a esquerda no governo. Apesar de ter marcado sua campanha fazendo críticas aos governos passados é muito provável que o uribismo vote em seu favor para evitar a vitória de Petro. 
No campo da esquerda há pouco para avançar. A melhor chance está no grupo dos que não votaram. Esse será o voto mais disputado. Apontar o cenário perigoso que se configura um homem como Rodolfo Hernández no poder será certamente o discurso. Vai ser um embate bem difícil. A direita cola o nome de Petro ao terrorismo e Hernández surge como um homem destemido que vai acabar tanto com os “bandidos” de esquerda quanto do velho grupo que esteve no poder por décadas. 
Os próximos dias serão intensos na Colômbia e a considerar o esgotamento da população com tantos anos de violência e desalojos forçados não será fácil ganhar os votos. Há, obviamente, uma descrença no sistema político e nas instituições. Os exemplo do desastre que foi para os Estados Unidos um governante como Trump, ou o que acontece hoje no Brasil com Bolsonaro, ambos da mesma linha do candidato Hernández, terão de ser muito bem apresentados para garantir o voto dos que resolveram não participar do primeiro turno.
Depois de tantos anos de guerra civil, um acordo de paz manco e a cotidiana violência contra os lutadores sociais, parece que o abismo colombiano ainda tem um alçapão. Será preciso muita luta para garantir uma vitória de Gustavo Petro.
 

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