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Deus e o Estado

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Por IELA em 25 de janeiro de 2022

Deus e o Estado

Notícia divulgada no sítio Metropoles, pelo jornalista Guilherme Amado, dá conta de que o Ministério da Justiça e Segurança Pública fez uma parceria com uma entidade religiosa, chamada Ministério Pão Diário, e a partir daí disponibiliza um aplicativo para os trabalhadores da segurança onde eles podem encontrar vários cursos e mensagens religiosas. O acordo foi firmado em agosto de 2021 pelo ministro Anderson Torres. A notícia foi confirmada por vários agentes de segurança que tiveram acesso ao aplicativo. 
Os cursos disponibilizados são do tipo “Tornando Deus e Sua Palavra uma prioridade” e “Aprendendo a orar”. Essa entidade tem sede em Curitiba e é a mesma que foi contratada por R$ 11,2 mil pelo Exército, sem licitação, para distribuir dois mil livros intitulados “Pão Diário – Edição Militar”. Conforme informação de Amado houve um contato com o Ministério da Justiça para saber os termos do acordo, mas nenhuma resposta foi dada. O jornalista apurou que a parceria não envolveu recursos financeiros, mas ainda assim é surpreendente que um acordo desse tipo tenha sido firmado visto que o Estado é laico.
O aplicativo já foi acessado por mais de 50 mil trabalhadores da segurança pública, diz notícia publicada no sítio da Pão Diário. Conforme documentos da entidade o objetivo do acordo seria oferecer ações de assistência espiritual, capelania e promoção da saúde e qualidade de vida para profissionais da segurança pública.
O aplicativo “Pão Diário — Segurança Pública” obviamente só divulga temas ligados à religião cristã. Entre os cursos estão “Quem é Jesus” e “Os Evangelhos”, um dos programas de podcast foi batizado de “O Senhor é o meu Pastor”. E há ainda um plano de leitura denominado “Deus me ouve”. O que isso pode ter a ver com a saúde dos trabalhadores não se sabe. O certo é que o governo federal tem sido useiro e vezeiro em misturar a religião com a vida cotidiana do Estado, indo contra a Constituição. Mas, ao que parece, os juízes do Supremo não estão preocupados com isso. 
Nada contra a religião, ou ao deus cristão, mas essa é uma questão de foro íntimo e não cabe ao Estado – que não é teocrático – distribuir esse tipo de material. 

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