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Em Dos Ríos, um domingo

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Por IELA em 19 de maio de 2021

Em Dos Ríos, um domingo

José Martí estava a cavalo, com o revólver na mão, de frente para o inimigo, a um lado do matagal. Um oficial, Ángel Guardia, que ia se juntar ao general Masó, passou depois de ter cumprido uma ordem, e Martí lhe disse: «Rapaz, vamos atacar!»; e os dois saíram para o espaço limpo e menos intrincado, em meio à confusão daqueles momentos. Martí caiu ferido por duas balas, uma delas fatal; também foi alvejado o cavalo que montava, presente de José Maceo, e o cavalo de Ángel Guardia foi morto. Foi assim que o drama começou e se desenrolou, em menos de dois minutos. Grandes infortúnios tendem a vir assim, repentina e momentaneamente. Quando Ángel Guardia se juntou à comitiva, disse a Gómez e aos que estavam ao seu lado, falando sobre outros incidentes: «General», ele disse com a voz quebrada: «mataram o presidente!» E contou os detalhes tristes do evento.
Nesses mesmos momentos, o cavalo que montava José Martí chegou até onde estava o desalentado grupo; vinha sem o cavaleiro e pingando sangue. Gómez prontamente procurou os mais experientes da área para arrebatar o troféu dos espanhóis. Mas estes, que haviam identificado o corpo de forma inequívoca, pelos depoimentos de um oficial que conhecia Martí e por vários objetos que foram encontrados com ele, cartas e documentos, forçaram uma marcha em retirada para que a agressão de Gómez não os pegasse no caminho mais perigoso. Jiménez Sandoval, chefe da coluna, deixou um pedaço de papel a uma senhora idosa que encontrou no caminho, no qual escreveu, entre signos maçônicos, estes dois nomes: Jiménez Sandoval.: –José Martí. E lhe pediu transmitir um recado verbal: «Diga a Máximo Gómez que se Martí se curar eu o devolverei, e se ele morrer eu lhe darei um bom enterro». Embora não haja nada de interessante após a surpresa da catástrofe, é conveniente apontar esses últimos detalhes para que a verdade histórica nunca seja adulterada. O lugar do desastre se chama Dos Ríos por um motivo de fácil inteligência e o grande infortúnio aconteceu à uma da tarde de 19 de maio de 1895; era domingo.
Assim, conforme se narra, entre episódios festivos e episódios bélicos, caiu para sempre o flagrante cantor da liberdade, entre as flores da montanha; o panorama da natureza e o murmúrio da primavera, emblemas da sua vida de sonho.
Fragmentos do livro Crônicas de la guerra.
 

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