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Gustavo Petro vence na Colômbia

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Por IELA em 20 de junho de 2022

Gustavo Petro vence na Colômbia

Foto: Gustavo Torrijos

Depois de disputar por três vezes a presidência da República da Colômbia, Gustavo Petro, aos 62 anos, finalmente venceu e no dia sete de agosto deve assumir o cargo, convertendo-se assim no primeiro presidente de esquerda do país. Ainda assim, ele não se define como de esquerda, diz que no século XXI a política está atravessa por outras tendências, principalmente na Colômbia: “há uma política de vida e outra de morte. Prefiro me filiar à política da vida e assim vou trabalhar”.  Economista de formação, Gustavo tem uma rica trajetória de luta que vem desde os tempos da clandestinidade no M-19, a ação na guerrilha e, depois, o trabalho na institucionalidade, atuando no Congresso e como prefeito de Bogotá.
A votação foi apertada, pois o candidato que disputou com ele surgiu como uma força, também fora da velha política do uribismo. Seu oponente, um empresário de direita, mas correndo por fora, trouxe em sua meteórica campanha o discurso anti-sistêmico e conseguiu fazer 47,31% dos votos. Gustavo somou 50,44%, garantindo um pouco mais de onze milhões de votos. 
Junto com ele chega também ao governo, no cargo de vice-presidente, a primeira mulher negra a ocupar esta função, Francia Márquez Mina, que ao fazer seu primeiro pronunciamento como vice eleita, fez questão de recordar os colombianos que tombaram na luta para que o país pudesse chegar a esse momento. “Quero agradecer à juventude que foi assassinada e desaparecida, as mulheres que tem sido violentadas e desaparecidas, a todos, que de algum lugar estão acompanhando esse momento histórico para Colômbia, nós agradecemos. Obrigada por terem feito esse caminho, por terem semeado a semente da resistência e da esperança”.
Sempre é bom lembrar que a Colômbia mergulhou num longo período de lutas internas justamente quando um candidato de corte liberal esteve prestes a vencer as eleições: Jorge Gaitán. Ele foi assassinado em 1948 e desde aí o povo colombiano tem vivido uma dura batalha para garantir sua soberania. São décadas de luta através de guerrilhas de libertação e de resistência frente ao narcotráfico e o paramilitarismo. 
Gustavo e Francia não encontrarão um caminho tranquilo para governar. O uribismo ainda é forte e a votação expressiva de Hernández mostra que o conservadorismo é muito presente na Colômbia. Desmontar toda essa engrenagem do terror contra a população vai demandar muito trabalho e muita luta interna. A Colômbia é um país onde a polícia, o narco, os paramilitares mais matam lideranças sociais, populares e sindicais. Há um azeitado mecanismo que envolve muita ajuda desde fora, como é o caso da “amizade” com os Estados Unidos, país que tem grande número de bases militares na Colômbia. 
Ontem foi um dia de muita alegria para grande parte do povo da Colômbia, mas cada um e cada uma sabe muito bem que vencer as eleições não é suficiente. Agora começa uma longa jornada no sentido de reconstruir o país e garantir soberania real. O que se espera é que a firmeza de Petro e a ternura de Francia possam dar conta de abrir novas veredas nesse país tão marcado pela violência e pela dor. Não será fácil, mas é possível. Tudo vai depender das alianças que serão feitas e das propostas que se farão concretas. Há muita esperança, mas ela, sozinha, não dá conta. Será necessário um povo unido, em pé de luta, e um governo capaz de amalgamar todas as expectativas, construindo assim uma nova realidade.  
Que viva Colômbia!
 

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