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Panamenhos protestam e garantem mesa de negociação

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Por IELA em 22 de julho de 2022

Panamenhos protestam e garantem mesa de negociação

Foto: La Estrella de Panamá

Foram três semanas de manifestações massivas e por vezes violentas contra as políticas de ajuste do governo panamenho que mantem os preços dos combustíveis altos bem como os da cesta básica e dos medicamentos. Os movimentos sociais organizados realizaram marchas, trancamento de estradas e protestos por todo o país. A repressão foi forte deixando inúmeros feridos. O governo mantinha uma postura de não dialogar com os manifestantes, mas foi vencido pela força do movimento que inclusive contou com a participação dos indígenas. A situação no Panamá tem se agravado principalmente para os empobrecidos que já não conseguem mais dar conta nem da comida. Nos últimos cinco anos os trabalhadores tiveram perdas de mais de 30% nos salários. 
Finalmente, depois de mais de 20 dias de movimentação popular, o governo instalou uma mesa de negociação na cidade de Penonomé, província de Coclé. A mesa é liderada pelo próprio presidente Laurentino Cortizo Cohen e tem a participação de lideranças das organizações que protagonizaram os protestos. Entre as reivindicações dos trabalhadores, camponeses e indígenas está a queda dos preços da cesta básica em pelo menos 30% que é o valor da perda salarial, bem como a garantia de alimentos saudáveis. Também propuseram a criação de um gabinete de regulação dos preços e de fiscalização, para evitar o abuso dos comerciantes. Os agricultores apontaram que é preciso investimento na produção e querem que o governo garanta a importação de insumos e fertilizantes agrícolas a baixo custo. 
Os demais pontos em discussão na mesa de diálogo são a redução do preço dos combustíveis, da energia elétrica, dos medicamentos, mais recursos para a educação (6% do PIB), combate à corrupção e a criação de uma mesa intersetorial para dar consequência às propostas. 
Poucas horas antes do início da negociação o presidente Cortizo anunciou a revogação de duas leis que garantiam recursos para o turismo local, fato que acabou sendo o estopim dos protestos. Os trabalhadores questionavam uma lei que investia no empresariado do turismo enquanto os empobrecidos sequer tinham o que comer. A revogação foi considerada uma conquista importante, pois permite que os recursos que iriam para esse setor possam ser utilizados no que realmente importa. 
Cortizo também apontou a possibilidade de congelar o preço dos combustíveis e pediu que aas organizações pelo menos reabram as vias que estão cortadas. Tudo isso vai depender da conversa que acontece hoje na mesa de negociação, pois os trabalhadores não aceitam o congelamento, querem que os preços caiam. 
 

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