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Se foi o Danilo

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Por IELA em 03 de janeiro de 2022

Se foi o Danilo

Sempre com os jovens

Sábado, às 5 da manhã, junto com a aurora, como me disse minha amiga @jornalista.elainetavares, perdemos Danilo Carneiro. O Danilo era aquele ser que a todo momento nos fazia pensar e esperançar (se é que esse verbo existe). Guerrilheiro no Araguaia – um dos poucos sobreviventes – Danilo foi preso e torturado pela ditadura, sofrendo sequelas que o marcaram até hoje. Mas Danilo não ser resumia a isso. Danilo era especial. Danilo nos fazia pensar a todo tempo.
Cada cafezinho com ele no @iela_ufsc era um momento prazeroso de análise de conjuntura. Em cada palestra que realizávamos, estava ele nas primeiras fileiras, pronto para perguntar e debater. Danilo vivia cercado dos estudantes, de tantas gerações que passaram pelo IELA. Não tinha preguiça de ensinar, de conversar, de discutir. Não perdia uma oportunidade de participar de alguma atividade, de defesa de dissertação a debate sobre conjuntura.
Lia a todo tempo e sistematicamente, especialmente acompanhando a geopolítica, tema que lhe interessava profundamente. Tive a oportunidade de conversar com ele por telefone há poucas semanas. Ele já tratando uma doença que lhe atingia fortemente, mas ainda esperançoso.
Fizemos planos. Lhe disse que o visitaria em Petrópolis (para onde ele se mudou por conta da saúde), já que agora eu estava vivendo em Niterói. Os planos não se concretizaram. Mas pelo menos pude conversar com ele uma última vez. Não uma conversa sobre a doença ou sobre o fim. Mas uma conversa como tantas outras que tivemos: uma conversa sobre a conjuntura, a política, a crise, as eleições, uma conversa sobre o fim inevitável do capitalismo e a esperança de que um dia a humanidade construirá o comunismo.
Farás falta por aqui, Danilo! Mas semeastes entre muitos de nós, a força necessária para seguir lutando.

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