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Uruguaios vivem referendo no domingo

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Por IELA em 22 de março de 2022

Uruguaios vivem referendo no domingo

No próximo domingo, 27, os uruguaios vão às urnas num referendo para decidir se aprovam 137 artigos da Lei de Urgente Consideração (LUC) que foi aprovada em julho de 2020. A lei, aprovada na urgência da pandemia tem causado muita polêmica porque muda questões muito significativas para os uruguaios, conquistas que custaram sangue, suor e trabalho. Dentre as mudanças que a LUC traz está a regularização do direito à greve e a flexibilização da legítima defesa policial. 
As novas regras trazem profundas mudanças no campo da segurança, dando muito mais poder aos agentes da força para atuar com violência, dentro que chamam de “força racional”, coisa totalmente subjetiva. Há artigos que apontam que a polícia pode inclusive prender pessoas que tenham “aparência delitiva” e coisas do tipo.
No campo da economia também há muitas mudanças que dão poder a grupos muito exclusivos de pessoas em conselhos criados pelo governo, bem como estabelece o retorno do pagamento dos salários em espécie, sem passar por instituições financeiras, o que tem sido bastante criticado porque dá liberdade ao patrão de não pagar sem deixar rastros.
A lei também mexe nas relações de posse e uso da terra,  na questão da moradia com mais vantagens para os donos de imóveis desalojar inquilinos, na educação e muito mais. Em função do grande descontentamento nacional foi articulado o referendo, quando então a população terá o direito de decidir se mantém os artigos da lei ou não. Na votação, aqueles que quiserem que os artigos sejam retirados votarão “Sim” e os que querem que permaneça votarão “Não”. Os votos brancos serão computados como Não. 
A campanha pelo não está sendo comandada pelo governo federal, autor da proposta e o voto no sim está sendo levada pela Frente Ampla, o que leva os analistas a acreditarem que a votação deverá ser muito mais ligada ao que o uruguaio pensa do governo de Lacalle Pou, servindo assim como um termômetro para as próximas eleições presidenciais. Há muitos temas que tocam profundamente na organização dos trabalhadores e na relação do governo e das forças de repressão com os movimentos sociais, ainda assim são questões que não parecem mobilizar de maneira contundente. 
O voto no domingo estará bastante ligado ao que orientam os partidos e principalmente as lideranças independentes, visto que os uruguaios estão bastante descolados dos partidos tradicionais.
A importância do plebiscito está justamente no fortalecimento do que chamam de “esquerda social” que são lideranças e movimentos que estão visceralmente articulados com as lutas populares. Eles estão impulsionando a campanha do sim e uma vitória fortalecerá bastante o processo democrático  no Uruguai, já que dá à população a possibilidade de desfazer o que os parlamentarem decidiram em suas reuniões movidas por interesses que passam longe de povo. 
 

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