Por Cuba – Casa das Américas (E 08)
Texto: Davi Antunes da Luz
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Foto: ContraportadaWeb
Diamela Eltit: Escritora chilena desponta no Brasil com sua literatura libertadora e política
“Eu estou interessada em qualquer coisa que é contra a natureza do poder, ou seja, a alteridade”
Faz poucos dias que mais uma edição da FLIP (Feira Literária Internacional de Paraty) foi realizada. Nessa nova edição, a 15ª, em que o tema foi Lima Barreto, pudemos disfrutar de um novo momento, em que a vida do homenageado deu margens à uma nova linguagem, mais libertadora, em que temas como o racismo, preconceito e a marginalidade, foram tratados com mais cuidado e desvelo.
Essa ocasião foi a mais propícia para ser apresentado aos leitores e frequentadores da Flip, o trabalho literário da escritora e professora das universidades do Chile e Estados Unidos, Diamela Eltit, que a partir de agora está com dois de seus livros sendo lançados no Brasil: “Jamais o fogo nunca” traduzido por Julián Fuks (Editora Relicário) e; “ A máquina de Pinochet e outros ensaios”, traduzido por Pedro Meira Monteiro (E-galáxia).
Diamela Eltit, segunda escritora confirmada para a FLIP, é atual para as questões-sócio econômicas e culturais, inclusive a nossa, em que temas sobre identidades de gênero, a marginalidade urbana e a não valorização feminina, são diariamente debatidas.
Sobre o poder feminino, deveras debatido na sociedade, na sua luta diária em se manter em status de igualdade com o homem, acontece também na literatura. Em um texto seu publicado no jornal “El País”, ela fez uma crítica à ausência feminina no movimento literário conhecido como “El Boom Latino”, que ocorreu há 50 anos.
“Talvez a pergunta mais afiada que tenha surgido nessa época seja a ausência no manifesto das escritoras. Uma pergunta filosófica que talvez hoje, cinquenta anos depois, pode ainda ser pertinente para o mundo latioamericano que segue ao “pé da letra”, sua visão masculina mapeia essa configuração literária. E esta não é somente uma herança do boom, como também um costume, um caso de agenda. ”
O tom político faz parte de suas experiências e vivências, pois a autora que nasceu em 1967, cresceu em meio a ditadura chilena de Pinochet, que com um golpe militar destituiu do cargo o presidente eleito pelo povo, Salvador Allende, nos anos 70, e permaneceu até a década de 90.
Com toda essa situação, ela se formou intelectualmente, escrevendo seus livros e atuando juntamente com os companheiros do CADA ( Colectivo de Acciones de Arte) Fernando Balcells, Juan Castilho, Raúl Zurita e Lotty Rosenfeld, que utilizavam a arte para se expressarem contra o cenário ditatorial do Chile, e demonstrarem os seus desejos de mudança, de ruptura e de liberdade. Em seus dizeres, ela destaca que a ditadura ainda sobrevoa nosso continente, com suas asas negras.
Em entrevista para a Folha, ela conta que a atuação do CADA foi a melhor maneira que encontrou de atuar, pois não se via na luta armada, nem na movimentação política dos grupos de sua geração.Diamela Eltit é mais uma grande voz da América Latina, que se une ao não conformismo com sua história de luta, e na qual podemos nos apoiar e desenvolvermos o nosso senso crítico, nos libertando dessas amarras preconceituosas em que vivemos e que na maioria das vezes, passamos aos nossos descendentes, aumentando marginalização urbana, e a desvalorização da mulher, tornando assim um círculo vicioso.
Texto: Davi Antunes da Luz
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