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Marcha pela dignidade chega a Quito no dia 13

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Por IELA em 10 de agosto de 2015

Marcha pela dignidade chega a Quito no dia 13

“Vamos chegar a Quito, não haverá muralha que nos impeça. Se fecharem as vias, iremos pelas veredas”. Carlos Pérez, presidente da Ecuarunari
Está prevista para chegar nessa quinta-feira, dia 13 de setembro, à Quito, capital do Equador, a “Marcha Nacional por Dignidade”, organizada pelos povos originários do país. Ontem, a caminhada chegou a Cotopaxi e, junto à Lagoa de Yambo, foi assinado um segundo decreto exigindo do governo de Rafael Correa uma resposta sobre o assassinato e desaparecimento de Bosco Wisuma, José Tendetza, Fredy Taizh, Fausto Valdiviezo e Jorge Gabela, todos lutadores sociais. O documento igualmente exige que seja dita a verdade sobre as vítimas do dia 30 de setembro de 2010 (30-S) Juan Pablo Bolaños, Jacinto Cortez, Darwin Panchi, Froilán Jiménez e Edwin Calderón. Segundo as lideranças indígenas, o governo precisa se responsabilizar pela violência institucional que provocou essas mortes, uma vez que todos estavam em luta pelos seus direitos.
A caminhada, que começou no dia 02 de agosto, percorre mais de mil quilômetros pelas veredas do país, com a participação de indígenas, camponeses, aposentados e trabalhadores urbanos, de sete províncias do Equador. Além das demandas específicas dos povos originários, a marcha também rechaça a política econômica e social do governo.
Dentre as demandas estão a devolução de 40% para as aposentadorias, o arquivamento de projetos como a Lei de Heranças, e de outros que significam emendas à Constituição, os quais são rechaçados pela população. Também querem que se convoque uma consulta popular para que os equatorianos decidam se estão ou não de acordo com a reeleição indefinida dos governantes. 
O presidente Rafael Correa tem dito que esses protestos são ilegais e que a Constituição não permite a paralisação dos serviços públicos. Também tripudia dos indígenas dizendo que as marchas são só um pretexto para chamar a atenção para o seu modo de vida. O presidente ainda chamou a militância governista a rebelar-se e resistir aos protestos. “Se eles tem o direito de resistir, nós também. Não vamos permitir que nos fechem os caminhos”, assegurou. Já os líderes da marcha insistem que o protesto é um direito constitucional e que eles não precisam pedir permissão a ninguém para realizar suas marchas e reivindicar suas demandas. 
Os protestos contra o governo de Correa têm sido mais intensos nos últimos dois meses e o presidente insiste em dizer que está em curso “un golpe blando” visto que setores da direita também estão misturados à movimentação. Para Rafael, tudo não passa de uma tentativa de desestabilizar o governo por parte daqueles que perderam a eleição. Isso é, de fato, uma meia verdade, visto que os opositores da direita aproveitam as mobilizações para potencializar a batalha contra Correa. 
Mas, é inegável que grande parte dos que estão marchando e os que prometem parar no dia 13 é constituída de trabalhadores do campo e da cidade, com a participação protagônica dos indígenas. Também há que reconhecer que desde o início do primeiro mandato de Correa, os indígenas têm buscado o diálogo e não encontram espaço para negociar. Durante o governo de Rafael muitas já foram as batalhas em função de leis como a de Mineração, que permite a ocupação e destruição de território indígena por transnacionais, a Lei de Educação, e também contra perseguições de cunho vingativo como o fechamento da Universidade Intercultural Indígena Amawtay Wasy e a tentativa de despejo da Conai, uma das mais importantes organizações indígenas no país. Se a direita se aproveita da arrogância e falta de habilidade de Correa, isso não é lá problema deles. As comunidades indígenas querem que seja respeitada a Constituição e que elas tenham o direito de decidir sobre seus territórios.  
 
 

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