Programa Pensamento Crítico – China e o futuro da América Latina (E 171)
Texto: IELA
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O Egito tem seu primeiro presidente eleito pelo povo
24.06.2012 – O segundo turno das eleições no Egito – que pela primeira vez realiza uma consulta livre – colocaram duas possibilidades ao país. A primeira delas era o mais do mesmo, representado pelo ex-ministro de Mubarak, Ahmed Shafiq. E a outra era o candidato da Irmandade Muçulmana que – por sua vez – apresentava um nome praticamente desconhecido dos egípcios: Mohamad Morsi. A vitória foi dada à Irmandade, o que já era mais ou menos esperado, visto que o partido se enraíza por todo o país, existindo desde 1928. As demais forças, principalmente as que fizeram a revolução de janeiro de 2011, não tiveram recursos para se organizar em nível nacional, coisa que não é fácil, uma vez que lá não existe propaganda gratuita. Segundo essas lideranças o Egito foi colocado diante de uma amarga realidade: a de escolher entre o pior e o menos pior, mas ambas as forças tremendamente conservadoras, o que certamente não fará andar as propostas de mudança que a revolução levantou.
Mohamad Morsi surgiu na disputa meio como um azarão. É engenheiro metalúrgico de profissão, nascido em 1951 na província de Sharquía, no delta do Nilo. Passou grande parte da vida nos Estados Unidos onde estudou e trabalhou na Universidade de Southerm/Califórnia. No ano 2000, quando a Irmandade ainda era clandestina, ele se elegeu como deputado independente. Mais tarde atuou como porta-voz da Irmandade e em 2011 tornou-se o presidente do partido Justiça e Liberdade, o braço político da Irmandade.
Durante a campanha eleitoral Morsi deixou claro que vai governar para todos e não apenas para os muçulmanos, visto que no Egito também há uma grande comunidade cristã (10%), mas fala-se que ele pertence à ala mais dura da irmandade, o que pode fazer com que dê mais poder aos salafistas (os ultraconservadores), ainda que ele tenha anunciado que vai colocar no seu gabinete gente dos partidos que fizeram a revolução.
De qualquer sorte, Morsi terá um país bastante tumultuado para dirigir, sem esquecer que os militares leais a Mubarak, ainda encravados nos seus postos, estarão despertos e em espaços importantes de poder. É por isso que milhões de pessoas seguem acampadas na Praça Tahrir até que a Junta Militar que governa atualmente o país entregue o poder. “Allahu Akbar!” (deus é maior), gritam as gentes, na alegria da esperança e agora é aguardar os acontecimentos para ver como caminham as coisas. Analistas dos grandes jornais da Europa acreditam que a irmandade vai dividir poder com os homens do velho regime, até porque a junta militar que governa o Egito dissolveu o parlamento e editou novas leis diminuindo bastante os poderes do presidente.
O novo presidente deve assumir o governo em primeiro de julho, dividindo os holofotes com as notícias sobre a saúde do velho ditador que governou por três décadas. Nas ruas, o povo se divide entre a esperança e a desconfiança. Isso significa que a luta vai seguir forte no Egito, afinal, muitos partidos e grupos que levantaram o povo em rebelião em 2011 seguirão organizados e alertas.
Texto: IELA
Texto: Consuelo Ahumada - Colômbia
Texto: Rafael Cuevas Molina - Presidente AUNA-Costa Rica
Texto: Resumen Latinoamericano/ Prensa Comunitária
Texto: IELA