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Direitos Humanos – Operação Condor

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Por IELA em 15 de janeiro de 2015

Direitos Humanos – Operação Condor

08.04.2009 – A  mesa sobre direitos humanos que contou com Martin Almada e Fernando Ponte foi uma das mais emocionantes e contundentes. Almada, o advogado paraguaio que descobriu os arquivos da Operação Condor fez uma fala carregada de sua experiência pessoal, na qual contou sua trajetória de um simples professor que queria melhorar o salário do sistema, que achava que ser professor era ter um sacerdócio, seguir o exemplo de Jesus. “Mas os professores seguiam um Jesus manso e eu descobri com a Paulo Freire que há um Jesus revolucionário, e eu o segui”.
As ditaduras latino-americanas foram foi responsáveis pela morte de mais de 300 mil pessoas, e mais de 50% eram dirigentes sindicais. Os demais eram professores e estudantes, ou seja, foi uma conspiração contra a sociedade do conhecimento. Por isso, hoje, no Paraguai, temos apenas a mediocridade comandando o legislativo, fruto da operação Condor”.
O momento mais bonito da fala do militante dos direitos humanos foi quando ele contou como encontrou os arquivos da operação que coordenou a ação dos militares em toda a América Latina. “Eu encontrei uma avozinha que contou sobre o neto que havia sido torturado e morto, uma história triste demais. Então ela me mostrou uma casa e disse: ali naquela casa os argentinos, uruguaios, paraguaios e brasileiros choram pelas noites a fio. Ela é assombrada pelos gritos de dor. Não entre ali. Pois eu entrei e ali estavam mais de três toneladas de documentos da Operação Condor”.
Fernando Ponte falou sobre o memorial da América Latina que está sendo construído na Ufsc e da necessidade de se recuperar a memória da ditadura militar. Deixou no ar a pergunta sobre porque ainda há quem siga sendo cúmplice da operação Condor. Lembrou que temos aqui no país e inclusive na universidade gente que foi cúmplice deste crime. Para ele o golpe de 64, que desatou a tortura e a violência, não foi contra os comunistas como costumam dizer alguns, mas contra um projeto popular de poder que estava em andamento.
Lembrou ainda que é muito comum no Brasil as pessoas rotularem as pessoas como comunistas, chavista, etc… e a partir daí iniciar um processo de deslegitimação. “E quando isso não acontece se parte para a eliminação física mesmo”. Conclamou aos jovens que lotavam o auditório para que procurem as informações e não fiquem alienados neste tempo em que as questões dos anos de chumbo estão cada vez mais relegados ao esquecimento.
Ao final Martin Almada lançou um desafio: que se faça aqui na UFSC um Tribunal ètico contra o FMI para que todos possam saber e julgar as ações nefastas deste organismo para a América Latina.  

Martin Almada

 
 
 

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