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Dilma, do Partido dos Trabalhadores, coloca trabalhadores na Justiça

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Por IELA em 29 de julho de 2011

Dilma, do Partido dos Trabalhadores, coloca trabalhadores na Justiça
Por Elaine Tavares – jornalista
29.07.2011 – A presidenta Dilma Roussef segue os passos de seu mentor, Luis Inácio, no ataque aos trabalhadores. Assim como ele no primeiro ano de mandato realizou uma contra-reforma da Previdência, retirando direitos e acabando com a velhice de milhares de trabalhadores, agora, também no seu primeiro ano, Dilma toma uma atitude que ataca frontalmente os trabalhadores: judicializa a greve nas universidades. Através da Advocacia Geral da União, o governo, via as reitorias de cada universidade, entra na Justiça e exige o retorno ao trabalho sob pena de pagamento de multa de 100 mil reais por dia. A idéia é fulminar de vez a combalida luta dos técnicos-adminsitrativos, parados desde o dia 06 de junho, em meio a disputas internas fomentadas pelo próprio governo.
A greve dos trabalhadores das universidades foi quase uma imposição do governo. Durante mais de três anos, a Federação dos Sindicatos das Universidades Brasileiras (Fasubra) esteve nas famosas “mesas de negociação permanente”, que,  como bem diz o nome, é permanente, ou seja, se estende por anos a fio, sem que o governo apresente qualquer proposta. O que se faz é marcar reunião para decidir a próxima reunião e todas as reivindicações dos trabalhadores acabam no vazio. Então, cansados de serem enrolados pelo governo, que desde 2004 se recusa as dar solução para problemas que ele mesmo criou com a formulação de um novo plano de cargos, os trabalhadores foram à greve. Mas não sem conflito.
Desde a assunção de Lula ao poder os trabalhadores começaram a se dividir. Uma parte passou a defender com unhas e dentes todas as propostas governistas, de forma acrítica, típica do coronelismo e da adesão cega. Outra parte, menor, não se rendeu ao canto da sereia e passou a fazer severas críticas aos atos e proposições governamentais que vinham contra os trabalhadores. Infelizmente esse setor permaneceu minoritário e a hegemonia ficou nas mãos dos governistas. Durante os dois mandatos de Luis Inácio a esquerda se esfacelou. Os movimentos sociais e os sindicatos começaram a se domesticar e, nas universidades, os reitores conservadores – sempre apoiando os governos de plantão – passaram a ser petistas de carteirinha, causando muita confusão entre os trabalhadores.
A luta contra a reforma da Previdência, que levou para as ruas os sindicatos combativos e independentes, acabou de forma melancólica, com Luis Inácio acenando com um plano de cargos imediatamente aceito pela maioria dos trabalhadores, insuflados por aqueles que defendiam o governo. O plano trouxe alguns ganhos financeiros, mas apresentou problemas até hoje não superados. Uma nova greve teve de ser feita para ajeitar o “monstro” e todos os acordos feitos na mesa de negociação não foram cumpridos.
Agora, o mesmo governo que não cumpriu os acordos, carregando os trabalhadores em mesas de “enrolação”, entra na Justiça contra o movimento grevista alegando que os trabalhadores saíram da mesa e se recusaram a negociar. Puro cinismo!
Dilma Roussef sabe muito bem o que faz. A mesa farta proporcionada pelo Prouni que encheu as burras dos reitores de plantão, permitindo uma expansão desenfreada e sem qualidade, está prestes a se acabar. São anunciados tempos de aperto. Vem aí a Copa do Mundo, as Olimpíadas e há muito dinheiro público a vazar para os bolsos dos empreiteiros e poderosos.  Quem terá de fazer o sacrifício, como sempre acontece no mundo capitalista, são os trabalhadores. Eles estão subordinados aos seus contracheques, vendem sua força de trabalho e acabam não tendo poder. Principalmente agora nesse momento de profunda divisão.
Na Fasubra a luta é fratricida. Dirigentes ligados ao governo fazem tudo para acabar com a greve, e os que acreditam na força dos trabalhadores para mudar a história acabam esbarrando na intriga, na picuinha, na desconstrução. Ainda assim, apesar dos esforços dos governistas, as bases decidiram continuar em greve, não aceitando a postura autoritária do governo Dilma, que se nega a negociar com os grevistas. “Só conversamos se saírem da greve”, dizem os representantes governamentais.
Agora, passados mais de 50 dias de greve o governo apela para a Justiça. A atitude é de frio cálculo. Observando as rachaduras na luta trabalhista, o poder instituído, que tem maioria absoluta no Congresso decidiu jogar pesado. Nada de democracia, conversa e negociação. É a letra fria da lei, o machado da Justiça, que sabe ser grande e cortante contra os pobres e os trabalhadores. No entorno espiam as hienas governistas, incrustadas dentro do movimento sindical, apostando na derrota dos trabalhadores.
Agora, está posto mais um movimento no xadrez da luta dos técnicos-adminsitrativos. Pode-se resistir como fizeram os mineiros na Inglaterra quando a “dama de ferro” injetou o neoliberalismo na veia, e ser fragorosamente derrotado. Pode-se enfrentar, com o povo alçado em rebelião, e vencer. É chegada a hora de fazer uma boa análise e verificar as forças. Mas tem de ser uma avaliação real, pé no chão, para que não se conduza os trabalhadores ao abismo.
 

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