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Simón Bolívar, uma referência em "Nuestra América"

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Por IELA em 01 de agosto de 2007

Simón Bolívar, uma referência em “Nuestra América”
31/07/2007
Por Pedro César Marques – Rio de Janeiro
Nascido em Caracas, no ano de 1783, Simón José António de la Santíssima Trinidad de Bolívar Palácios, conhecido como Simón Bolívar, é a principal personalidade histórica da Venezuela e foi o líder maior na luta independentista contra o domínio colonial do império espanhol na América. De origem criolla, era filho de grandes proprietários rurais e seria apenas mais um integrante da secular elite existente na América Latina não fosse sua sensibilidade patriótica, sagacidade intelectual e tirocínio político. Órfão desde muito jovem, empreende longas viagens a Europa, onde teve o privilégio de conhecer o grande naturalista Alexander Von Humboldt que tinha feito o melhor trabalho científico sobre a América do Sul na época, e discutir sobre os trabalhos intelectuais de Rousseau e Voltaire, o que provavelmente mudou sua percepção sobre a situação vivida dos povos coloniais ante a exploração da metrópole.
A partir daí Simón Bolívar se engaja numa verdadeira epopéia para conquistar a libertação dos povos explorados pelos espanhóis. Capitaneando exércitos internacionalistas (composto por venezuelanos, colombianos, bolivianos, peruanos e etc…) Bolívar percorreu as florestas próximas ao Atlântico, as montanhas andinas e os desertos peruanos. Tais feitos nada deixam a desejar aos promovidos por estrategistas da envergadura de Aníbal, Júlio César e Napoleão Bonaparte. Em 1813 foi aclamado “Libertador” pelo Conselho de Caracas após vitoriosa campanha em Nova Granada, título que mais o orgulhava dentre tantos outros a que foi laureado.
A Batalha de Ayacucho, em 1824, pôs fim ao domínio espanhol nas Américas (com exceção dos domínios antilhanos). Mas o sonho de Simón Bolívar não se restringia somente a expulsão da Coroa Espanhola das terras americanas. Ele sonhava fazer uma verdadeira revolução social. Por iniciativa sua, a escravatura foi abolida na Venezuela em 1816. Bolívar advogou veementemente a restituição das terras aos povos indígenas e ainda decretou o monopólio das riquezas do subsolo. Defendia o diálogo e a convivência soberana com a Inglaterra e os EUA, e para que isso se concretizasse buscou alinhavar uma união patriótica nessa região comumente chamada de “Novo Mundo”. Sua intenção era criar uma potência e aí fazer frente as já consolidadas potências mundiais européias e a já citada potência emergente dos EUA, buscando assim restaurar o “equilíbrio do universo”.
Inspirado nos congressos pan-helênicos da Grécia antiga, Bolívar organizou o Congresso Anfictiônico do Panamá. A escolha do Panamá deveu-se ao desejo que o Libertador tinha em que “istmo do Panamá fosse para os latino-americanos o que o istmo de Corinto foi para os gregos”. Foram convidados para esse congresso diversos países como os recém-libertos do jugo espanhol, EUA e Inglaterra (esses com status de observadores) e até o Império do Brasil (que não mandou representantes). Foi decidido no congresso a formação de uma confederação perpétua entre os países sul-americanos participantes, repúdio ao tráfico negreiro, a formação de uma Forças Armadas comum entre os países além de concessão de cidadania comum aos habitantes das nações contratantes, ou seja, um projeto muito mais progressista do que a atual União Européia, e isso em tempos muito mais remotos.
Esse e outros projetos de Bolívar foram solapados pela desunião oriunda dos interesses mesquinhos das oligarquias internas e pela influência externa das potências européias e dos EUA que puseram em prática a velha máxima de “dividir para governar”. Depois de um processo de desestabilização, recheados de levantes militares encetados por caudilhos egoístas e conservadores, e de tentativas (uma quase exitosa, não tivesse sido a intervenção de Manuela Sáenz, sua amada) de assassinato, Bolívar foi expulso de seu país. Deprimido e doente, ele ainda teve que amargar a triste notícia do assassinato de seu mais fiel amigo e eficiente comandante militar, o Marechal António José de Sucre. Em 1830 morre o Libertador, de tuberculose e de desgosto.
Por tudo isso é que a figura de Simón Bolívar foi um referencial nesta “nuestra América”, junto a outros grandes próceres de nosso continente como José Martí, Sandino, Che Guevara, Fidel Castro e atualmente o comandante Hugo Chávez.

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