Eleições na Bolívia: centro-direita leva vantagem no primeiro turno

Na foto: Quiroga (extrema-direita) e Rodrigo Paz (centro-direita).

Cerca de oito milhões de bolivianos foram às urnas neste domingo para escolher presidente, vice, deputados e senadores. A divisão da esquerda boliviana, com a fragmentação do MAS e o chamado ao voto nulo por parte de Evo Morales já prenunciava que o tempo do chamado “progressismo” estava acabado. As pesquisas davam como certos os dois candidatos da extrema-direita no segundo turno, com vitória de Jorge Tuto Quiroga, mas o povo boliviano acabou surpreendendo e dando o primeiro lugar para o candidato do Partido Democrata Cristão, Rodrigo Paz, que abocanhou 32% dos votos, deixando Quiroga em segundo com 26,93%.

Rodrigo Paz é considerado um homem de centro, já que, no Senado, onde ocupava uma cadeira, sempre fez uma oposição construtiva durante o mandato de Arce. Segundo os analistas foi o chamado “voto rural”, que quase nunca se expressa nas pesquisas, aquele que garantiu a sua chegada ao segundo turno. A esquerda ainda tinha certa esperança nesse voto, indígena e camponês, mas o candidato Andrónico Rodríguez não conseguiu passar dos 6%.
Com o voto em Paz os bolivianos mantiveram sua posição antissistema e apontaram que não estão dispostos a aceitar um presidente do campo fascista, o que os jornais do país apontam como “surpresa”. Rodrigo é filho do ex-presidente Jaime Paz Zamora e por tradição acredita-se que, caso vença as eleições, penda mais para o lado da burguesia hegemônica do que para os movimentos sociais. De qualquer forma, como arregimentou estes votos, vai precisar negociar, já que o movimento social boliviano é explosivo.

O Partido Democrata Cristão ficou com o maior número de cadeiras no Senado.

O segundo turno das eleições acontece no dia 19 de outubro.