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Equador: 24 dias de mobilização

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Por Elaine Tavares em 15 de outubro de 2025

Equador: 24 dias de mobilização

Foto: Conaie

Segue, apesar da brutal repressão, o protesto indígena no Equador. As comunidades se levantaram há 24 dias contra a retirada de subsídios do combustível e contra a exploração mineira que tem destruído o meio-ambiente, bem como desalojado famílias. O presidente Daniel Noboa tem insistido em enfrentar a mobilização com a força policial, sendo registrados ataques armados às comunidades. Já são duas pessoas mortas e dezenas de feridos. O governo tem usado também pessoas das forças de repressão infiltradas nas marchas e comunidades, efetuando prisões ilegais, usando tanques e comboios militares para intimidar a população.

Não é novidade no Equador a ação das comunidades indígenas na luta por direitos humanos e contra a mineração. Grandes mobilizações acontecem – com muita representação – desde os anos 1990 e nesse período os indígenas já derrubaram governos, elegeram outros e os derrubaram outra vez. A mobilização de 2019, também contra a retirada dos subsídios do combustível, durou 11 dias e o presidente Lenin Moreno teve de voltar atrás. Em 2022 foi a alta do preço dos combustíveis que gerou revolta, com mobilizações por todo o país durante 18 dias.

Apesar de todos os ataques as comunidades indígenas conseguiram garantir uma grande mobilização em Quito no último dia 12 de outubro, que é um dia de luta já tradicionalmente celebrado em toda América Latina. Ainda assim, o governo não acena com qualquer possibilidade de negociação. Quer vencer no tiro e na bomba, bem ao estilo da ultra direita que hoje assoma no continente sob a liderança de Trump. Tanto que insiste em dizer que os indígenas são terroristas.

Dias atrás o carro do presidente Noboa foi atacado e o governo divulgou ter sido um atentado, mas os indígenas mostraram que foram policiais os que amassaram o carro para acusar o movimento. O que aconteceu, de fato, é que Noboa foi corrido de uma comunidade sob pedradas. Ontem, um carro bomba explodiu em Guayaquil e novamente o governo faz ilações sobre a ação dos indígenas. Muito provavelmente este ataque não está relacionado ao movimento indígena, pois esta não é a forma tradicional de luta. Quem conhece os macetes da direita para incriminar os adversários sabe que esta explosão pode ter acontecido para que o movimento seja acusado.

O atual “paro nacional” já dura 24 dias e quanto mais a repressão endurece, mais comunidades se levantam. Não há qualquer possibilidade de o movimento retroceder. O que precisa ficar bem claro é que nos últimos anos nunca se viu tamanha repressão contra a população. Mas, a comunidade indígena é calejada na luta. A Conaie, que representa grande parte das comunidades, segue denunciando e repudiando a ação das forças militares e policiais. “Vamos nos manter firmes e em resistência nos territórios ancestrais”.

 

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