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A crise não é passageira

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Por IELA em 15 de janeiro de 2015

A crise não é passageira

A crise não é passageira
24.11.2009 – O presidente do IELA, professor Nildo Ouriques, esteve em Santiago do Chile, participando de um seminário promovido pela  Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL)  sobre a situação da América Latina diante da crise.
A CEPAL, criada em 1948 pelo Conselho Econômico e Social das Nações Unidas, nasceu com o objetivo de incentivar a cooperação econômica entre os seus membros. Ela é uma das cinco comissões econômicas da ONU e possui 44 estados e oito territórios não independentes como membros. Além dos países da América Latina e Caribe fazem parte da CEPAL, o Canadá, França, Japão, Países Baixos, Portugal, Espanha, Reino Unido, Itália e Estados Unidos da América.                             Esta instituição assumiu importância nos anos 60 e 70 por reunir grandes nomes do pensamento desenvolvimentista latino-americano, apontando a industrialização como o principal caminho para superação do subdesenvolvimento dos países da América Latina. Um de seus economistas, o brasileiro Celso Furtado, coordenou ações da Cepal em conjunto com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDE), para elaboração de um estudo, que ficou conhecido como “Esboço de um programa de desenvolvimento para a economia brasileira no período de 1955 a 1960”. Esse estudo serviu de base para elaboração do Plano de Metas, que, entretanto, não considerou como prioridade uma de suas principais recomendações: a reforma agrária.  Hoje, perto de completar 60 anos, a Cepal segue seu trabalho de discussão da economia latino-americana, mas  agora já discutindo os males causados pela lógica desenvolvimentistas que durante tanto tempo defendeu.                       O seminário, organizado nos dias 19 e 20 de novembro, apontou, através da absoluta maioria dos conferencistas, que a crise será longa e com graves conseqüências econômicas e sociais. Segundo Ouriques, “o marco teórico-metodológico através do qual se mede a crise não pode mais ser o que apresenta apenas as variáveis econômicas como a política fiscal, monetária e cambial. O que tem de valer é a posição dos países na divisão social do trabalho”.
Segundo o presidente do IELA, o consenso geral dos intelectuais presentes ao evento, é de que o “boom” exportador da América Latina é exportador e mineral – e aí incluído o Brasil – razão pela qual o otimismo que alguns analistas apontam no que diz respeito a situação atual aparece como inaceitável. “Esse tipo de desenvolvimento gera destruição ambiental e apresenta uma produção de baixa densidade tecnológica. Além do mais, esta bola de crescimento que alguns países experimentaram por conta deste modelo extinguiu-se. Agora vem a crise, com a diminuição do comércio mundial e a deteriorização dos preços das mercadorias que exportamos”. Conforme Nildo, estes efeitos causados pela exportação nada mais fazem do que aumentar a brecha científica e tecnológica entre os países centrais e os dependentes.
Nesse sentido, o seminário foi marcado pela crítica sistemática ao marco interpretativo da Cepal que, conforme já foi mostrado, não é signo de êxito na América Latina. “Tanto o aumento das exportações da fase de expansão, quanto a diminuição neste momento de recessão limitam o Brasil e os demais países, colocando-os ainda mais na dependência científica e tecnológica. Todos foram unânimes na crítica e deixaram claro que o otimismo sobre o caráter passageiro da crise não se justifica.

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