A escala 6 x 1 e os trabalhadores
Texto: Elaine Tavares
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A argentina celebrou no último dia 25 de maio o surgimento do estado argentino, que se deu no ano de 1810, quando finalmente foi deposto o vice-rei Baltasar Hidalgo de Cisneros, que governava em nome da coroa espanhola, assumindo a Primeira Junta. Não era ainda a independência real, mas uma manobra política que, ainda em nome do rei – deposto por Bonaparte – garantia aos argentinos a condução do país. A independência mesmo só chegou em 1816, depois do Congresso de Tucumã, mas aquele maio de 1810 foi a hora popular, quando as gentes saíram às ruas exigindo a libertação de Espanha. No dia 22 foi realizado um cabildo aberto – uma espécie de assembleia popular – no qual a maioria decidiu por criar uma Junta governativa, que ainda incluía o atual vice-rei Cisneros.
Mas, no dia 25, com uma multidão se acotovelando em frente ao Cabildo (espécie de prefeitura, lugar onde ficava o governo), o grito era por liberdade, liberdade. Ninguém aceitava o antigo vice-rei, conforme tinha sido acordado no cabildo aberto do dia 22 e a exigência era por sua renúncia e a formação de um governo próprio. Houve muita tensão e os governantes chegaram a pedir a intervenção das tropas para dispersar a multidão. Só que os comandantes militares se recusaram a reprimir a população. Assim, pressionados pelo povo reunido na Praça Maior – hoje a Praça de Maio – foi instala a primeira junta, com Cornélio Saavedra na cabeça.
Mas, apesar da mobilização popular, o jogo político, envolvendo interesses variados, era mais complicado. Os argentinos já estavam fartos da proibição da Espanha sobre o comércio com outros países. Tinham no seu pé os ingleses, que queriam negociar, e a política de monopólio impedia qualquer avanço. Justamente por conta disso, o Vice-reinado do Rio da Prata – que tinha sob seu mando o que hoje é o Uruguai – enfrentava uma onda gigantesca de contrabando, pois os comerciantes de gado, principalmente, ignoravam a proibição e contrabandeavam à larga.
Nesse sentido a região do Prata contava com dois grupos distintos de poder: os que queiram a liberação do comércio, e os que se beneficiavam com o monopólio. E eram eles que se digladiavam buscando cada um maiores lucros. A política era o campo de uma burguesia criolla que enriquecia e exigia a condução política da vida. Durante esse processo de luta interna, os argentinos ligados ao grupo independentista também lograram expulsar os ingleses que tentaram tomar o território. Nesse episódio, forte foi a participação do grande general Artigas, mais tarde considerado inimigo de Buenos Aires por lutar pela emancipação do Uruguai como uma república popular.
A batalha pela construção da república argentina durou anos e, ao final, terminou com a separação do Uruguai e a aliança com os ingleses.
Nesse ultimo dia 25 milhares de argentinos acorreram à Praça de Maio para celebrar esse momento histórico, quando o povo alçado em armas e protestos, exigiu um governo próprio e mudou os rumos da história da Argentina.
Em meio às celebrações dos 205 anos da Revolução de Maio, o governo argentino teve de repartir a praça e a festa com a presença, “incômoda”, dos indígenas Qom que seguem em luta por terra e direitos e com os acampados, veteranos da Guerra das Malvinas, que ocupam a praça também reivindicando direitos.
Assim, apesar da gloriosa luta do maio de 1810, ainda há muita coisa para ser conquistada pelas gentes na pátria argentina. De qualquer forma, sempre é bom lembrar o dia em que, animados pela vontade de liberdade, os argentinos deram um passo decisivo e construíram uma república. Todos os percalços e traições cometidas pelos governantes não apagam a bravura indômita de uma gente que ousou desenhar seu próprio caminho.
Texto: Elaine Tavares
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