Fascismo Gestual, Luta de Classes
Texto: Gilberto Felisberto Vasconcellos
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Karina Milei – Foto: Celso Silva (Governo de SP)
O presidente argentino Javier Milei tentou criar uma cortina de fumaça no encerramento da campanha para eleger os novos representantes (43 deputados e 23 senadores ) da província de Buenos Aires, cuja eleição acontece em sete de setembro. Dias antes vociferava na mídia e nas redes sociais que estariam atentando contra sua vida e anunciava atos de violência contra ele no último comício do seu partido, o La Libertad Avanza. Obviamente sua intenção era apagar o fogo que se ergueu com as denúncias de corrupção envolvendo sua irmã, que é Secretária Geral da Presidência, Karina Milei.
Apesar da gritaria de Milei, o ato do partido aconteceu tranquilamente, inclusive com pouca gente e muita polícia. Não houve qualquer incidente. Milei teve de se contentar em fazer uma fala pífia na qual defendeu a irmã e chamou o voto para seus candidatos.
As denúncias contra Karina Milei surgiram na semana passada quando um então aliado de Milei, Diego Spagnuolo, agora ex-chefe da Agência Nacional para a Deficiência (Andis), deixou vazar para a imprensa um áudio no qual acusava a primeira-irmã de corrupção. O caso abriu um racha dentro da cúpula governamental e Diego foi imediatamente demitido. Dias depois ele voltou a acusar Karina dizendo ter novos áudios, inclusive da própria secretária, que provariam a cobrança de propina (até 8% sobre o faturamento) das indústrias farmacêuticas que abastecem a rede pública. Segundo ele Karina ficaria com a maior parte do arrecadado, tendo também a parceria de seu braço direito, Eduardo Menem.
O fato é que as acusações de Spagnuolo deram brecha para que a Justiça argentina abrisse uma investigação, realizando buscas e apreensão na sede da Andis e da empresa Suizo Argentina, intermediária na venda de medicamentos para o governo. Na ação do judiciário foram apreendidos celulares, máquinas de contar dinheiro e cerca de 266 mil dólares em espécie.
Agora, uma perícia vai apontar se os áudios encontrados no celular de Spagnuolo são realmente da secretária da presidência. Até agora nada foi comprovado.
De qualquer maneira, a poucos dias da eleição para definir os legisladores da província de Buenos Aires, o partido do presidente Milei fica fragilizado, afinal, toda a campanha do atual presidente pelo La Libertad Avanza se baseou na “guerra” contra a corrupção. Sendo assim, ter a irmã envolvida em uma prosaica cobrança de propina mancha a moral de Milei, que segue defendendo Karina sem reservas.
O caso pode ter impactos na eleição de sete de setembro, envolvendo a principal província do país e também outras disputas legislativas, que acontecem em outubro.
Texto: Gilberto Felisberto Vasconcellos
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