Migraciones inversas
Texto: Jaime Delgado Rojas
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Ilustração: Grupo de GFV
Nosso vizinho dilatou o que são as nossas piores aberrações mentais e psicológicas:
Argentina é agro
Argentina é tecno
Argentina é pop
Argentina é TV Globo
Surpreendi-me com a catástrofe eleitoral? Não, porque conheço a mentalidade da Argentina boçal, segundo Arturo Jauretche, Los Profetas del Odio, sobre os desterrados da pátria e os aterrados na estrangeria do dólar que dá tesão à maioria da população.
O deus dólar.
O livro magnífico de Jauretche veio a lume em 1956, portanto antes do estrago feito pelos Beatles, Rolling Stones, Madonna, antes do domínio cultural da televisão e do Rock in Rio.
A Argentina de costela pop, que baila em programa de auditório, faz por meio da TV a ponte de ligação entre a população cabecita negra depauperada com a mega caixa de cambio multinacional.
Los cabecitas negras, pobretários e ex-peronistas (hoje style. Collor-Menen) estão em aliança ideológica com a classe dominante endolarada.
O tempo argentino junta de maneira perversa o explorador e o explorado como se fosse uma cópula jubilosa. Essa aliança esdrúxula da ralé mais baixa com o mais alto estrato financeiro internacional já havia acontecido com Macri, mas agora o signo dólar virou a marca civil do fascismo argentino. Calcado na psicopatologia matricida e misógina do macho tosco e sem ternura. É um desafio explicar esse desejo que se converteu em voto popular dado a um candidato linguisticamente afásico e cacogênico, assessorado por um aparato mulherio com perfil virago, espécime sádica de uma Madona Evita com chicote na mão surrando a juventude lumpem e sem futuro.
Do país granja abastecedor externo ao país impotente que pede ao estrangeiro o desenvolvimento capitalista. Temos dólar e é isso que basta. Que país representa Xavimilei? Um presidente circunstancial. A elite argentina no passado já foi snob no Jóquei Club badalando madame Victória O Campo. Não há mais “figurón”. Absurdo é ver o país pela ótica do dólar, o desenvolvimento capitalista próprio com moeda estrangeira. Isso lá é possível?
Inabalável o otimismo diante da prosperidade dos ricos. Milei acredita no dólar mais do que em sua hermana anarco gringa pistoleira miliciana.
É um infortúnio para a Argentina confundir libertário com liberticida.
No que Hitler surgiu, Trotsky o definiu como a ideologia epilética do capitalismo. É um erro comparar com Tiririca porque este palhaço deputado é uma mansa criatura.
O Milei Elvis Presley pícnico é um pornô-canino poligâmico fazendo amor simultaneamente com cinco pets liberais e misóginos.
Reparem as mulheres com que ele roça-roça: a irmã, a namorada e a vice são viragos sádicos patriarcais e matricidas.
Simbolicamente elas representam a matança da mãe argentina, o assassinato das mães de maio, cujo assassinato é aplaudido pelos filhos ressentidos e pauperizados, analfabetos e barulhentos, os hijos del tic-toc.
No Brasil a diferença é que são os machos sarados que cometem o matricídio Bolsonaro.
Não poderei imaginar quão afetada a Argentina foi pelo capitalismo videofinanceiro com um sistema fascistóide de televisão.
Julgava-a mais alfabetizada, ao contrário do Brasil que, conforme dizia Darcy Ribeiro, pulou a letra para cair direto dentro de um programa de auditório.
A juventude depauperada não entende o que ouve e lê, a não ser com o humor do tic-toc imbecil com a gestualia de torcida de futebol. Atenção interneticoides: aqueles que ganham eleições necessariamente não sabem mais sobre comunicação.
A única coisa certa que se avizinha é que a patota destrutiva de Milei vai descer a borracha nos operários e nos estudantes se estes por ventura forem nas ruas protestar.
Texto: Jaime Delgado Rojas
Texto: IELA
Texto: Elaine Tavares
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