Chile vai às urnas no dia 14 de dezembro
Texto: Elaine Tavares
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Como tem acontecido em toda a América Latina a disputa do segundo turno no Chile está bem polarizada. De um lado, uma comunista, candidata do oficialismo, Jeannete Jara, e de outro, um ultraconservador, José Antonio Kast, do Partido Republicano.
Jara tem 51 anos e vem do norte de Santiago, a quinta filha de uma família de trabalhadores. O pai era mecânico e sindicalista e foi em casa que aprendeu a valorizar as lutas. Como irmã mais velha cuidou dos irmãos menores e foi a primeira da família a ir para uma Universidade. Formou-se em Administração Pública e também em Direito, sempre dando muito duro para pagar as mensalidades. Casou-se aos 19 anos com Gonzalo Garrido, que era dirigente estudantil, e ficou viúva dois anos depois.
Tão logo começou a trabalha r Jara já começou também a se envolver com a militância no sindicato e no Partido Comunista. Com pouco mais de 30 anos casou-se outra vez e ingressou na política trabalhando como assessora do ministro de Desenvolvimento Social, no segundo mandato de Bachelet. Foi a primeira vez que o PC teve participação no poder governamental. No governo de Boric exerceu a direção do Ministério do Trabalho. Como ministra se destacou conduzindo importantes reformas trabalhistas reduzindo horário de trabalho, aumentando o salário mínimo e fazendo mudanças no sistema de pensões.
Jeannete Jara trabalhou sua campanha visando descolar-se da figura de Boric, que não tem muito apoio da população. Já declarou que não será continuidade, mas sim que carregará as pautas da centro-esquerda.
O candidato da direita, José Antonio Kast, já é velho conhecido da política. Senador há 16 anos esta é terceira vez que se candidata à presidência. Em 2017 ficou com apenas 8% dos votos, em 2021 perdeu no segundo turno para Gabriel Boric e agora aparece como favorito.
Kast é advogado, católico e conservador. Segue uma estratégia bem parecida com a de Milei e Trump, bastante agressiva contra migrantes e empobrecidos. Não tem pejo em dizer que sempre defendeu a ditadura de Augusto Pinochet e que votaria nele se estivesse vivo.
Kast, tal qual Milei, tem sido bem claro nas propostas. Por exemplo: já disse que, se eleito, aumentará a idade mínima para a aposentadoria e vai expulsar os mais de 300 mil migrantes irregulares que vivem no Chile. Em campanha bastante agressiva ao estilo de Trump, Kast colou nos migrantes a culpa pelos elevados índices de violência no país, pauta que deve ser decisiva neste segundo turno.
O Partido Republicano de Kast, junto com aliados social-cristãos e libertários, garantiu 42 deputados e a centro-direita levou mais 34, o que já garante maioria na Câmara de Deputados, enquanto a coalizão de Jara levou 61 deputados. No Senado a direita ficou com a metade, 25 cadeiras.
Kast é obviamente o candidato que aparece como favorito nas pesquisas, vistos que Jara conseguiu apenas 26% no primeiro turno, enquanto a soma dos percentuais dos candidatos mais à direita pode dar ampla maioria ao candidato conservador. A frustação com o governo de Gabriel Boric tende também a inflar ainda mais a urna de Kast. Mas, a experiências nefasta de outros ultraconservadores latino-americanos como Bolsonaro e Milei pode servir como alerta para chilenos.
A eleição acontece no dia 14 de dezembro.
Texto: Elaine Tavares
Texto: Álvaro García Linera - Bolívia
Texto: IELA
Texto: IELA