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Com a desaparição da S.M.E. desaparece boa parte da história do México

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Por IELA em 28 de outubro de 2009

Com a desaparição da S.M.E. desaparece boa parte da história do México
Por: Salvador Castañeda O’Connor – Diretor da revista Unidade Comunista
28.10.2009 – O 27 de setembro de 1960, dia em que se nacionalizou a industria elétrica, eu era um jovem de 28 anos, secretário de assuntos jurídicos do Comitê Nacional da histórica U.G.O.C.M. que era dirigida por Jacinto López, o líder camponês mais importante deste país depois de Emiliano Zapata. Com esse caráter estive no encontro que organizou o Sindicato Mexicano de Eletricistas, na praça central da cidade do México.
“Muitos dias como estes, senhor Presidente”, disse, ao começar seu discurso o companheiro Palomino, Secretario Geral do S.M.E., referindo-se também ao fato de que neste dia o presidente López Mateos celebrava seu aniversário. Passaram-se cerca de 50 anos e aqueles “bons dias” na vida do sindicato mais combativo pelos direitos de seus assosiados e da nação, estão a ponto de concluir definitivamente.
Não era López Mateos o representante de uma burguesia nacional em Ascenso revolucuinário, como foi o General Lázaro Cárdenas, mas sim o de uma burguesia que resistia ao imperialismo com atos como a nacionalização da indústria elétrica, a expropriação do latifúndio de Cananea e o apoio político a grande revolução cubana.
Como todos sabemos, o governo que presidiu Miguel de la Madrid modificou a Constituição Geral da República para criar um marco jurídico apropriado e dar marcha-ré às políticas nacionalistas, progressistas e democráticas que de alguma maneira foram impulsionadas no passado, e inaugurar a atual etapa do neoliberalismo, que privou o estado mexicano de grande parte de suas atribuições em matéria econômica, cedendo à iniciativa privada e ao imperialismo o comando do desenvolvimento.
Criadas as bases materiais e jurídicas para o desenvolvimento desta etapa do capitalismo decadente, depredador, apátrida e genocida, os presidentes Salinas de Gortari, Ernesto Zedillo, Vicente Fox y o atual, se empenharam com entusiasmo, digno da melhor causa, em privatizar os ejidos (terras comunais) e com eles boa parte do território nacional, as minas, os bancos, telefonia, linhas aéreas, a indústria siderúrgica, as estradas de ferro e mais de mil empresas correspondentes ao setor público, deixando estes enormes espaços, incluindo áreas estratégicas e prioritárias nas mãos dos monopólios estrangeiros, ainda que alguns se disfarcem de nacionais.
Particularmente os presidentes Zedillo y Fox se mostraram verdadeiramente interessados e decididos a privatizar em sua totalidade tanto a indústria elétrica como a petroleira, onde de maneira ardilosa e ilegal já participa a iniciativa privada, pretendendo despojar a nação mexicana de seu patrimônio material e histórico no que diz respeito à energia, apesar de que a nossa Constituição declara que estes bens e serviços são de propriedade exclusiva da nação.
Talvez estes presidentes tivessem logrado seus objetivos sinistros se não houvesse a intransigente defesa do Sindicato Mexicano de Eletricistas sobre os direitos políticos, históricos e patrimoniais da nação mexicana. Sob a bandeira de que “Pátria não se vende, se defende”, o Sindicato Mexicano de Eletricistas mobilizou seus filiados e todas as demais forças progressistas e patrióticas do país que se manifestaram de todas as formas possíveis para que o Congresso da União mandasse para as profundidades dos arquivos as iniciativas privatizadoras de Zedillo, primeiro, e de Fox depois.
Como já falei muitas vezes, não fosse pelo Sindicato Mexicano de Eletricistas, a nação já teria perdido o setor elétrico de nossa economia em benefício do imperialismo. Esta é a razão fundamental dos ataques rancorosos e revanchistas deste soldado em miniatura que diz presidir os destinos de nosso país, contra o Sindicato Mexicano de Eletricistas.
No decreto de extinção da Companhia Força e Luz do Centro, Calderón invoca um sem número de questões legais, mas nenhuma delas o autoriza, como patrão que é, a liquidar empresas sem antes promover ante a Junta Federal de Conciliação e Arbitragem um conflito coletivo de natureza econômica. Tampouco o autoriza a indenizar os seus trabalhadores quando estes tem o direito de optar por sua reinstalação no posto do qual foram injustificadamente despedidos.
Na feroz campanha midiática que se efetiva contra o SME se afirma reiteradamente que os eletricistas são trabalhadores privilegiados que recebem salários e vantagens exageradas. Esta
acusação, além de falsa, esconde a coragem da classe governante contra um sindicato que se mantém independente do poder público e empreende com vigor a luta pelos direitos sociais e econômicos de seus filiados. Para o governo, os líderes do SME são corruptos, quando não tem feito outra coisa a não ser responder com lealdade às demandas de sua base sindical. Mas, os sindicatos pelegos gozam de alta moral junto ao governo, justamente por que negociam com a classe patronal e com o governo as demandas de seus trabalhadores, que estão sempre a reivindicar melhores condições de vida.  Para o governos, a lealdade dos líderes sindicais a sua base é corrupção, enquanto que a traição dos dirigentes para com seus filiados se configura nos mais elevados valores éticos.
O que os companheiros do Sindicato Mexicano de Eletricistas acreditam é que se pode defender a pátria sem renunciar em nenhum momento as legítimas demandas dos trabalhadores, porque  nunca na história deste país os interesses da classe trabalhadora foram incompatíveis com os da nação mexicana.
Temos dito e sustentado que é fascista o golpe que o governo deu no Sindicato Mexicano de Eletricistas, decretando formalmente a desaparição da companhia de Luz e Força do Centro, empresa com a qual tinha celebrado um contrato coletivo de trabalho e cuja conseqüência direta é a desaparição do próprio SME, porque o fascismo não é outra coisa que a desaparição, imposta pelo governo, de qualquer organização independente que lute pelos interesses da classe trabalhadora e do povo.
Não queremos dizer que os mexicanos estejam já submetidos de uma maneira geral e completa ao fascismo, mas que a burguesia reacionária e os vende-pátrias que nos governam estão empregando contra o nosso povo formas fascistas de repressão. De nenhuma maneira queremos invocar o fascismo nem o diabo.
Estamos em uma época na qual o sistema capitalista, longe de resolver os problemas ancestrais do nosso povo, converteu-se num obstáculo fundamental de toda solução possível. O capitalismo transformado em capitalismo selvagem para explorar sem misericórdia os trabalhadores condenado-os á miséria e á marginalidade, ao mesmo tempo destrói os valores materiais e espirituais da nação mexicana.
Frente a estas formas fascistas de governar, o Partido Comunista deve aliar-se com todas as forças que se autoproclamem democráticas, progressistas e patrióticas, ou seja, com todos aqueles que se interessem pela verdadeira independência da nação mexicana, pela verdadeira democracia e progresso social.
Mas, ao mesmo tempo devemos recordar que se está discutindo diante da consigna “Socialismo ou barbárie” e como organização política da classe trabalhadora devemos nos aliar  fundamentalmente com todas as forças progressistas que se proponham a combater até a sua extinção o sistema capitalista e construir uma nova ordem econômica, política e social em nosso país, onde os trabalhadores sejam os donos dos meios e instrumentos da produção econômica, da riqueza e do poder, que não é outra coisa que não o socialismo.

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