El Senhor Galíndez como ‘romance de formação’ – a ‘escola de quadros’ da maquinaria de saqueio capitalista
Texto: André Queiroz
Aguarde, carregando...
De volta, nas ruas!…
24/05/2007
Por elaine tavares – jornalista no OLA
Havia tanto tempo que não era assim. Gente demais, saindo pelo ladrão. Camisas vermelhas, bandeiras tremulando, faixas coloridas, dois carros de som. Depois de quase dois mandatos do governo de Luis Inácio os trabalhadores, enfim, lograram a unidade. Ali estavam na rua, as gentes da Conlutas (brava aglomeração de descontentes que nasceu na primeira reforma governo petista), da Intersindical, da Consulta Popular, do MST e até da CUT, nos últimos tempos tão atrelada ao governo. Cada um com seus motivos específicos, mas decidido a unir as forças para que a sociedade visse que as coisas não estão muito boas para os trabalhadores. E toda essa movimentação não foi só em Florianópolis, a pequena ilha do sul do mundo, mas em todo o Brasil.
A bandeira que unificou tantos interesses diversos foi “Nenhum direito a menos” para os trabalhadores. Protestos contra a política econômica, contra o Plano de Aceleração do Crescimento, contra o congelamento dos salários dos funcionários públicos, contra o Lula, contra o prefeito Dário, contra a destruição da ilha pelos mega-empreendimentos, deu de tudo. Hora ou outra as diferenças apareciam, marcantes. Enquanto alguns discursos afirmavam que o governo de Luis Inácio trouxera alguns avanços para os trabalhadores, outros não poupavam críticas. Algumas lideranças culpavam a política econômica apenas, como se ela se fizesse do nada, como se não houvesse por trás uma posição governamental. Enfim, no balanço geral, tudo acabou criando um bom equilíbrio.
Na cidade de Florianópolis, o momento mais tenso da caminhada que chegou a reunir sete mil pessoas, foi na cabeceira da ponte. E ali, mais uma vez, as divergências na forma de encaminhar o movimento quase colocam tudo a perder. Como a cidade é uma ilha, qualquer paralisação na ponte que liga ao continente provoca um verdadeiro caos urbano, pois todas as vias acabam entupindo e paralisando. Parte dos manifestantes queria fechar tudo, outros preferiam a negociação com a polícia militar para passar pela ponte usando apenas metade da via, sem trancar o tráfego.
A tropa de choque já estava a postos, pronta para impedir qualquer trancamento, mas a multidão não se amedrontou. Pelo contrário. Impedida de passar pela via principal que dá acesso a ponte, foi subindo os barrancos do viaduto e ocupando a rua. Estava dado o impasse. Milicos, cavalos, cachorros, armas, escudos, gás de pimenta, todo o cenário de sempre que, sob o pretexto de manter a ordem, impede a livre manifestação dos trabalhadores. E, também, como sempre, a única ordem que visam manter é essa que arrocha, oprime e sufoca aqueles que só tem sua força de trabalho para vender.
Por alguns minutos houve dois comandos na passeata. Um mandava o povo trancar a rua e outro pedia calma, que a negociação estava sendo feita. Resultou que cada grupo fez a sua parte. Um ocupou o viaduto, fazendo a pressão e outro negociou a passagem pela ponte. Depois de mais de meia hora, a ponte foi liberada e o mar de gente fez a travessia, com suas bandeiras, cantos e gritos. Nem o vento sul que soprava com força, nem o frio intenso, ou os xingamentos de quem não compreende que esta é uma luta de todos, impediu que a multidão marchasse em comunhão. Gente de todos os cantos do Estado, de partidos diversos, sem partido, estudantes, e até os soldados da Aprasc, manifestou seu protesto.
Entre as lideranças sindicais e populares podia-se perceber o riso de felicidade, afinal, havia tempos que uma manifestação não envolvia tanta gente assim. Na cidade, entre os que não se encorajam para a luta havia uma irritação latente, afinal, no dia anterior, uma greve dos trabalhadores do transporte coletivo já tinha deixado o povo todo pendurado. “Essa gente tem de respeitar o direito de ir e vir”, reclamava uma mulher dentro do ônibus parado. “Estamos na luta por ti também”, respondiam os manifestantes, tentando aquecer seu coração. Mas, para os que estão anestesiados pelo dia-a-dia, e não conseguem perceber as dimensões das reformas propostas pelo governo, fica difícil compreender por que, afinal, essa gente fica trancando as ruas.
Embutidas nas propostas governamentais estão a retirada de direitos trabalhistas, de todos e não só dos servidores públicos, mudanças na previdência, que inviabilizam uma velhice tranqüila, crescimento só para os ricos, apoio ao agronegócio, privatização dos hospitais universitários, entrega das universidades públicas ao negócio privado, destruição da saúde pública, enfim, uma série de mudanças que tocarão a vida de cada pessoa neste país. Mas, como sempre, é uma pequena parcela que sai às ruas, que ousa lutar, enfrentando o que for preciso. Uma luta coletiva, que envolve cada um, mesmo aqueles que os olham com ódio nos dias de protesto.
De qualquer forma, quem se manifestou nesta quarta-feira nas ruas de todo o país sabe que está fazendo sua parte para que o Brasil não seja entregue para as multinacionais nem para as sanguessugas privatistas. A unidade conseguida neste 23 pode ser um primeiro passo para barrar as reformas de Luis Inácio. A impressão que se tem é de que os sindicalistas acordaram, o povo lutador está de novo, em massa, nas ruas. Pode ser que, agora, a nau siga outro rumo! Depende de cada um…
Texto: André Queiroz
Texto: Maicon Claudio da Silva
Texto: Rafael Cuevas Molina - Presidente AUNA-Costa Rica