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Do delegado tucano dândi aos Empreendedores da periferiamarçau

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Por Gilberto Felisberto Vasconcellos em 11 de outubro de 2024

Do delegado tucano dândi  aos  Empreendedores da periferiamarçau

Cena do filme O bandido da luz vermelha – Rogério Sganzerla

A cadeirada exorcista do delega Datena incidiu, graças ao estilo bronco, na falsidade democrática do circense Roda Viva. Este desmoralizou-se em sua farsa protocolar que intenta mostrar que pito tocam os candidatos. Há décadas esse entediante programinha de direita faz um mal danado à representação política. A patroa âncora petulante é uma dondoca tucana virago sob o guante do pós-moderno Leão Serva.

Um pilantra de boné subverteu as regras do jogo não respondendo às perguntas e instrumentalizando a câmera: votem em mim! Votem no meu boné, assim você vai ficar rico, babaca. O babaca é o espectador, diria Lukács em História e Consciência de Classe.

Roda Viva – nome péssimo – é a morte do diálogo, convidados chapas-brancas vendem o peixe e personificam a mercadoria de seus patrões: Folha, Estadão, etc.

A bancocracia ilustrada da cultura pop é quem na verdade dirige o Roda Viva.

O avoengo Frias e o virulento Boris Casoy, por sugestão do sinistro Silvio Frota em Brasília, escantearam o jornalista Claudio Abramo em uma inóspita salinha sem direito a cafezinho e misto-quente na Folha de São Paulo.

Perguntei a meu saudoso amigo: – por que você não vai dirigir a TV Cultura?
– Não dá, é feudo do Abreu Sodré.

Em São Paulo o único programa jornalístico que presta é o do católico Eduardo Moreira, um défroqué do capital financeiro que está prestando inestimável contribuição cívica ao mostrar a trapaça dos “lucros honestos”, segundo a ironia de Karl Marx.

Não sei se em termos de audiência prejudicaria o programa de Eduardo Moreira se o denuncismo retórico fosse substituído por uma crítica materialista do espetáculo midiático; todavia um grande lance seria mexer em seu formato careta de aula de cursinho. Releva no entanto elogiar, pela ausência do muzak acústico, a qualidade linguística que permeia a fala dos repórteres, ou seja, sem o insuportável e alienante “sonzinho de fundo” como valor de troca.

Torcer para que vença Guilherme Boulos é realmente bacana, mas há que se explicar simultaneamente as águas bolsonaras que correm no riverão Tietê. Explicar evidentemente para combatê-las com o proletariado e o lúmpenproleta bandeirantes.

Guilherme Boulos deve recusar qualquer apoio insinuado por Marçaupablo porque este é uma mônada charlatã desprovido da capacidade de transferir votos. Nem tampouco deve aceitar arrimos de tucanos e pastores evangélicos mercenários.

Bon Voyage.

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