Projeto Escravos Unidos – O encarceramento nos Estados Unidos (E 5)
Texto: IELA
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Yaku é o candidato do movimento indígena, está em terceiro nas pesquisas
O povo equatoriano escolhe novo presidente no dia 07 de fevereiro numa conjuntura na qual o atual mandatário, Lenín Moreno, tem 90% de rejeição popular. Sempre importante lembrar que Moreno apoiou Juan Guaidó na sua batalha golpista contra a Venezuela, ajoelhou diante de Donald Trump, deixou seu povo desamparado durante a pandemia e foi o homem que entregou o jornalista Julian Assange, asilado na embaixada do Equador em Londres, para as autoridades inglesas. Só por esse ato infame já deverá ser relegado ao lixo da história.
Pelo menos 40% da população não sabe ainda em quem votar ou sequer tem vontade de participar do processo. Ainda assim, esse ano, o número de candidatos bate um recorde: são 16, com apenas uma mulher, Ximena Peña, do combalido Alianza País.
O processo está marcado por muita polêmica visto que o poder eleitoral tirou do páreo a candidatura do empresário Álvaro Noboa, um recorrente candidato da direita e com isso, abre passo para outro candidato da direita, Guillermo Lasso, milionário protegido pelos Estados Unidos, que tem um discurso carregado de nacionalismo, mas que mantém a sua fortuna fora das fronteiras do Equador. O poder eleitoral igualmente rechaçou a candidatura do ex-presidente Rafael Correa e, depois, também proibiu a aliança apoiada por ele de utilizar seu nome ou sua imagem nas propagandas eleitorais.
Nessa floresta de candidatos de todos os matizes pelo menos três aparecem com chances reais de ocupar a presidência. O primeiro deles é Andrés Arauz, de 35 anos, que foi ministro de Conhecimento e Talento Humano e diretor do Banco Central durante o governo de Rafael Correa. Ele tem o apoio do ex-presidente exilado e nas pesquisas aparece em primeiro lugar com 37% das intenções de votos. Mesmo sem poder usar a imagem de Correa é um personagem que já está totalmente vinculado ao ex-presidente e por isso mesmo aglutina os partidários correístas.
O candidato que aparece em segundo lugar nas pesquisas, com 30% dos votos, é justamente o milionário de direita Guilherme Lasso, 65 anos, banqueiro, protegido dos EUA e integrante da Opus Dei, portanto com uma pauta bastante colada às propostas ultra conservadoras, usando como mote “o candidato da família”. Nós no Brasil já sabemos bem o que isso significa e onde vai dar. Tem feito uma campanha baseada nas promessas de crescimento e emprego para todos.
O terceiro candidato é representante do movimento indígena do Equador e concorre pelo partido Pachakutik. É o carismático prefeito de Azuay, Yaku Pérez, que aglutina 13% dos votos. Tem 51 anos e se constituiu liderança de sua comunidade da etnia Kichwa-Kañari, assumindo em 2013 a presidência da Confederação de Povos da Nacionalidade Kichwa (ECUARUNARI). É um candidato vinculado à esquerda e teve participação decisiva durante os governos de Correa e Moreno na luta contra as mineradoras e pelo direito à água. Apesar de estar em terceiro lugar tem trabalhado bastante para tocar os 40% que estão apartados do processo.
Dentre os três, apenas com Yaku o Equador daria algum passo no sentido de atacar seus problemas estruturais. A campanha tem sido bonita, mas o racismo ainda é um elemento bastante forte no país, o que torna o desafio do candidato indígena ainda maior.
Até o dia 07 de fevereiro os candidatos ainda terão tempo de reverter a tendência de abstenção. Resta saber se a população vai atender ao chamado, afinal, a decepção com Moreno foi grande e a tendência é a apatia e o descrédito no sistema político.
Texto: IELA