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Energia para poluir

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Por IELA em 22 de janeiro de 2013

Energia para poluir
Por Heitor Scalambrini Costa – Professor da Universidade Federal de Pernambuco
Energia sem dúvida é um dos temas mais relevantes neste século XXI. É da
cadeia produtiva da energia hoje utilizada no mundo, que se produz a maior
quantidade dos chamados gases de efeito estufa (GEE), que tem provocado o
aumento médio da temperatura do planeta, e assim as mudanças climáticas e
todas suas conseqüências.
Para efeitos didáticos se classifica a fonte energética em não renovável e
renovável. As não renováveis são aquelas predominantes no mundo,
correspondendo a mais de 2/3 do consumo mundial. Provêm dos combustíveis
fósseis: petróleo/derivados, carvão mineral, gás natural.  E também dos
minérios radioativos. Por sua vez são esgotáveis, possuindo alto potencial
poluente, e produzindo gases e resíduos altamente prejudiciais à saúde
humana, de todos seres vivos, e do meio ambiente. Já as fontes renováveis,
são inesgotáveis oriundas da própria natureza, do Sol, dos ventos, da
biomassa (toda matéria orgânica), das águas dos rios, mares e oceanos;
possuindo baixo potencial poluente.
Estes energéticos não renováveis, da revolução industrial até os dias
atuais, tiveram um papel de destaque na chamada sociedade moderna.
Receberam e recebem dos governos, apoios extraordinários no que concerne
aos recursos financeiros e aos subsídios. No Brasil esta situação não é
muito diferente, bastando verificar o montante de recursos alocados no
Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), para os combustíveis fósseis,
em particular o petróleo e gás natural, em relação às fontes renováveis de
energia.
Com a evolução da ciência e da tecnologia, o que sempre foi considerado
bom, barato, aceitável e necessário para movimentar a economia mundial,
começou a ser reavaliado, questionado e criticado. Mitos sobre as fontes
energéticas não renováveis foram desvendados. O que alguns acreditavam ser
a garantia do conforto nos lares, dos povos, a mobilidade, o lazer, a
prosperidade, a tranqüilidade e a paz social, agora é sinônimo de
destruição, guerra, desastres ambientais, doenças para as pessoas, e até
risco para a própria sobrevivência da raça humana.
Daí a consciência cada vez maior da necessidade da transição para uma nova
era, a era das fontes renováveis de energia.
Mas eis que surge a poderosa indústria petrolífera, e aquel@s interessados
em prolongar mais a vida dos combustíveis fósseis sobre o planeta. A
promessa agora é de oferecer uma energia barata e abundante, deixando de
lado o investimento em energias menos sujas, renováveis. O negócio agora é
o gás de xisto.
Esta “solução energética” profetizada pela industria petrolífera norte
americana, e apoiada por uma parte importante da classe política e por
setores da mídia, exalta a questão da segurança nacional, o nacionalismo,
através da obtenção, através do gás de xisto, da auto-suficiência. Os EUA
ainda compram mais da metade do petróleo que consomem, cerca de 56%,
importando 22% do Canadá, 12% do México e 22% do Iraque.
Alardeiam para o povo americano e para o mundo a abundância das reservas
existentes, dezenas e centenas de trilhões equivalentes de barris de
petróleo. Propagandeiam uma “nova era de energia barata”, e as vantagens
econômicas advindas do uso deste energético. São divulgados custos da ordem
de 55 a 65 dólares o barril equivalente de petróleo de 159 litros. Mais de
25 vezes os 6 dólares que custava a extração de um barril de petróleo no
Mar do Norte. Todavia, não revelam o caráter predatório e as peripécias
para extrair o gás da rocha betuminosa, e o alto poder poluente na
extração, no transporte e no uso final.
Aquecimento global, mudança climática provocada pela influência do modo de
vida (consumir e produzir) e seu modelo predador, não existem para esta
parte tão influente da sociedade mundial. O que existe são simplesmente os
interesses econômicos, os “negócios”, a ânsia de consumidores, que
acreditam assim garantir o conforto dos lares, dos povos, a mobilidade, o
lazer, a prosperidade, a tranqüilidade e a paz social. Mesmo que para isso
coloque em risco a vida do planeta e de todos seus habitantes.
Nestes tempos de crise energética batendo as portas do país, devemos ficar
com a “pulga atrás das orelhas” diante das propostas mirabolantes,
salvadoras da pátria, como de instalação de usinas nucleares, de
termelétricas a carvão mineral, a óleo combustivel/diesel…

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