Fascismo Gestual, Luta de Classes
Texto: Gilberto Felisberto Vasconcellos
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Fotos: página da Conaie
Já são três dias do “Paro Nacional Indígena” no Equador em protesto contra a grave crise econômica e política que atravessa o país e, principalmente contra o Decreto Executivo 126, do governo federal, que estabelece novas regras para a política de preços dos hidrocarburos eliminando subsídios do diesel, o que vai encarecer ainda mais o custo de vida das famílias. Também está na pauta o rechaço a toda atividade de extrativismo que tem colocado as comunidades numa situação de miséria e de destruição ambiental. As comunidades denunciam ainda o vínculo estapafúrdio que Noboa faz entre indígenas e terrorismo. A luta das comunidades indígenas no Equador é histórica, com a população sempre se levantando pela preservação dos rios e da vida. Chamar estes protestos de terrorismo é forçar demais a barra.
Nestes dias de marchas e protestos a resposta do governo de Daniel Noboa tem sido bastante dura, com grande repressão policial. Em Otavalo, no primeiro dia, as ruas se encheram de tanques e tropas, o presidente sequer conseguiu conversar com a população que, enfrentando a repressão, obrigou Noboa a fugir de helicóptero. Em represália o governo mandou fechar a televisão comunitária indígena de Cotopaxi e ordenou o combate às manifestações usando a etiqueta de “terrorismo”. Pelo menos 13 pessoas estão presas sob esta acusação. O governo também bloqueou as contas bancárias dos dirigentes CONAIE sem qualquer justificativa legal.
Apesar da brutal repressão que se expressa em todo o país, o movimento indígena segue mantendo o Paro até que o governo se disponha a negociar. Quem conhece o Equador sabe a força que os indígenas têm. Basta consultar os últimos paros de 2019 e 2022. Em 2019 Lenin Moreno também derrubou os subsídios e 11 dias de intensa luta fizeram o decreto ser revogado. Em 2022, a alta do preço dos combustíveis gerou uma batalha de 18 dias, que acabou numa mesa de negociação.
É sabido que a Conaie enfrenta muitas divisões e elas ficaram ainda mais explícitas durante a reeleição de Noboa quando a entidade chamou o voto na candidata de oposição, mas muitas lideranças indígenas decidiram apoiar Daniel Noboa, abrindo uma brecha na sempre coesa luta das comunidades.
No Equador, as comunidades indígenas fazem cálculos fora da dicotomia direita/esquerda, por isso, às vezes é bem difícil entender algumas posições. Mas, quando se trata de interesses ambientais – como água e energia – a unidade se faz em segundos e por isso mesmo tradicionalmente os paros indígenas são fortes e decisivos.
Hoje, em várias cidades do país as manifestações seguem massivas.
Texto: Gilberto Felisberto Vasconcellos
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Texto: IELA