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Equador: deputados indígenas apoiam governo

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Por Elaine Tavares em 08 de maio de 2025

Equador: deputados indígenas apoiam governo

Foto: do Instagram do ministro José De La Gasca

Poucos dias antes de começarem os trabalhos legislativos da nova Assembleia Nacional eleita nas últimas eleições gerais do Equador, o governo de Daniel Noboa anuncia o fechamento de um acordo com nove deputados do Pachacutik, o partido indígena. Segundo informou o ministro José De La Gasca, a aliança foi consolidada no dia seis de maio. O anúncio veio acompanhado de uma foto, na qual sete deputados indígenas sorriem junto ao ministro comprometendo-se a “trabalhar juntos pelo progresso de todos”.
A intenção do presidente Noboa, eleito em meio a um estado de sítio ditado por ele mesmo, quer começar o novo mandato com maioria absoluta na Assembleia Legislativa, composta por 77 deputados, garantindo assim o controle da mesa diretora. A adesão dos assembleistas indígenas é um tremendo golpe na luta das comunidades que lutam contra as mineradoras e contra o autoritarismo representando pelo governo Noboa.

A notícia do acordo foi repercutida pelos jornais locais e a reação mais indignada foi a do presidente da Confederação das Nacionalidades Indígenas do Equador (Conaie), Leonidas Iza, que concorreu à presidência contra Noboa. Como o partido Pachakutik é o braço político da Conai, o acordo aparece como uma traição. “Estou com o coração doído”, afirmou Leonidas. “A decisão de alguns assembleistas do Pachacutik em apoiar o governo não apenas se constitui num erro político, mas também como uma traição aos princípios que regem nosso movimento. Não é um simples acordo, é a venda da dignidade em troca de poder”. Iza ainda esclareceu que esta decisão dos deputados não representa o sentimento das bases e nem responde ao mandato de luta que tem sido o sustento do movimento indígena.

A última eleição no Equador foi marcada por ilegalidades e autoritarismo, visto que um dia antes do pleito Noboa decretou estado de sítio no país sob o pretexto de combate às drogas, inclusive usando mercenários estadunidenses para coordenar ações militares. A candidata correísta, Luisa Gonzáles, não aceitou o resultado das urnas alegando fraude, mas não encontrou abrigo na lei equatoriana nem apoio internacional. Assim, o resultado foi confirmado e agora Noboa, que já tem 66 dos 77 deputados, com os nove indígenas chega a quase totalidade de controle do legislativo. “Tudo dentro das quatro linhas” diria um personagem nefasto da ultradireita brasileira. Com o apoio do mundo todo.

E na América Latina, Nicolás Maduro é quem é chamado de ditador.

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