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Fidel Castro: A verdade que ainda nos chama

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Por Federica Cresci em 13 de agosto de 2025

Fidel Castro: A verdade que ainda nos chama

Foto: Leonardo Attuch

No dia 13 de agosto, recordamos o nascimento de um homem que marcou a história, não apenas de Cuba, não apenas da América Latina, mas de toda a humanidade: Fidel Castro Ruz.

Celebrá-lo hoje é mais que um ato de memória: é um imperativo político e moral. É um ato de resistência. É um grito que atravessa este mundo destroçado pelas guerras, pela miséria, pelo domínio das multinacionais e do imperialismo, para afirmar que outro caminho continua sendo possível. E é o caminho que Fidel traçou com a sua palavra e com a sua ação.

Vivemos tempos sombrios. As bombas caem sobre Gaza, onde um povo inteiro resiste há décadas ao colonialismo sionista com uma dignidade que o mundo finge não ver. Na Ucrânia, um conflito filho do expansionismo da OTAN traz morte, destruição e crescentes tensões nucleares. A OTAN, apresentada em outros tempos como uma aliança defensiva, mostrou o seu verdadeiro rosto: é instrumento militar do imperialismo ocidental. E Fidel Castro o disse com uma clareza que hoje soa profética: “A OTAN se converteu na organização terrorista mais perigosa da história. Uma máquina de guerra que só serve aos interesses do império estadunidense.” —Fidel Castro, 2011

Fidel entendeu que o futuro da humanidade não podia ficar nas mãos das lógicas bélicas do Ocidente: “É urgente construir um mundo multipolar. Não podemos permitir que um só país, ou uma só aliança militar como a OTAN, decida o destino da humanidade.” — Cúpula dos Países Não Alinhados, 1998

Sua proposta era clara: uma nova ordem internacional, fundada na solidariedade, na cooperação Sul-Sul e no respeito à soberania dos povos. Uma visão que antecipou com lucidez a crise do atual sistema global. Fidel sabia que, para derrotar o imperialismo, não bastava resistir: era necessário criar uma alternativa política, econômica, cultural e espiritual. Não existem atalhos. A paz não vem dos mísseis, mas da justiça. E os povos não necessitam alianças militares, e sim alianças de humanidade: “Os povos devem unir-se contra o império e a sua máquina militar. Devemos sonhar um mundo sem bases militares estrangeiras, sem bloqueios econômicos, sem bombardeios ‘humanitários’, sem invasores disfarçados de salvadores.” — Fidel Castro, 2003

Fidel não foi só o líder da Revolução cubana: foi um estadista, um visionário, um incansável combatente pela justiça social, pela soberania dos povos e a dignidade humana. Foi o homem que, em 1992, na Cúpula da Terra, no Rio de Janeiro, denunciou com palavras proféticas o desastre ambiental gerado pelo capitalismo: “Uma espécie em perigo de extinção: o ser humano. Não podemos ter ilusões de que os ricos resolverão o problema dos pobres. Os pobres são as verdadeiras vítimas da destruição ambiental.” — Fidel Castro, Cúpula da ONU sobre o Meio Ambiente, Rio 1992

Fidel foi também a voz mais firme em defesa da PALESTINA LIVRE. Denunciou abertamente a cumplicidade do imperialismo estadunidense com os crimes do sionismo: “Os Estados Unidos defendem Israel como se fosse uma província americana. Mas Israel é o gendarme armado do império no Oriente Médio. A Palestina tem direito à vida, à terra, à paz”. — Fidel Castro, discurso de 3 de abril de 2002

E não hesitou em chamar as coisas pelo seu verdadeiro nome: “O império estadunidense é a coisa mais brutal e destrutiva que a história humana já conheceu. Exportou bombas, tortura, golpes de Estado, crises econômicas, mas nunca justiça, nunca equidade.” — Fidel Castro, 2003

Fidel foi também o homem que nunca exportou bombas, e sim médicos, professores e solidariedade. Defendeu a causa palestina, apoiou Angola contra o apartheid, enviou brigadas sanitárias aonde fizessem falta.

Defendeu com firmeza a verdade e a dignidade de Cuba, nos momentos mais difíceis: desde o caso de Elián González, até a causa dos Cinco Heróis Cubanos, e durante os anos mais duros do “Período Especial”.

Eu levo em minha vida o privilégio e a honra de ter vivido parte daqueles anos junto à Revolução. Era uma jovem recém-formada, de regresso de um período de estudos em Cuba, quando comecei a trabalhar na Embaixada de Cuba em Roma. Os anos 90 e 2000 foram duríssimos: sim, existiam os computadores, mas só tínhamos dois na sede inteira. A Internet era lenta, e o acesso limitado, e entretanto havia que atuar rápido: os discursos de Fidel chegavam em inglês, e havia que traduzi-los ao italiano imediatamente, difundi-los, enviá-los, e combater no campo da informação.

E quando se estava esgotado, ao final de uma jornada extenuante, o telefone soava. Era Fidel. Seguia cada caso pessoalmente. Nos momentos de maior tensão, chamava às embaixadas cubanas do mundo através dos embaixadores: dava instruções detalhadas, linhas políticas claras, mas também palavras de ânimo, lucidez e força. Sentia-se a sua presença. Trabalhava-se com a sensação de que o Comandante estava ali, entre nós, guiando-nos. Não por protocolo, senão por convicção.

[…]

Hoje que o mundo parece precipitar-se no caos, regresso com a mente e o coração àqueles dias. E me digo, com mais convicção que nunca: FIDEL TINHA RAZÃO. Tinha razão sobre a OTAN, sobre o imperialismo, sobre o meio ambiente, sobre a desinformação, sobre a autodeterminação dos povos, sobre a necessidade de formar consciências.

Por isso, hoje, todos e todas, Companheiros e Companheiras, não só em Cuba, mas no mundo todo, não podemos permitir-nos esquecê-lo. Não podemos permitir-nos traí-lo.
Devemos estudá-lo, difundi-lo, colocá-lo em prática. Fidel não é um ícone a venerar, é um guia a seguir. Seu legado nos chama à ação, não importa onde estejamos e o que façamos na luta.

Eu serei agradecida a ele para sempre. A ele, à Revolução Cubana, e ao povo cubano, que me ensinou o valor da dignidade, da resistência, da luta e do sorriso.

“Ao mau tempo, boa cara”, diziam-me em Havana, e esse lema me acompanha ainda hoje, todos os dias da minha vida.

Que este 13 de agosto seja um dia não só de comemoração, mas de RENOVADO COMPROMISSO PARA TODOS E TODAS.

Porque seguir Fidel hoje não é um ato nostálgico: é a única maneira de haver futuro.

Até a vitória sempre, Comandante!

***

Tradução: Marcia Choueri

Publicado por Cubadebate em 10 de agosto de 2025.

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