História e Pensamento Militar
Texto: IELA
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Foto: reprodução
Sylvio Massa deu-me o elogioso cognome intelectual de o “Gondin da Fonseca da Raízen”, a marca sucedânea da Standard Oil derrubadora de presidentes na América Latina. É que esse extraordinário jornalista, biógrafo de José Bonifácio e de Camilo Castelo Branco, denunciou a apropriação imperialista do combustível fóssil em “O que sabe você sobre o Petróleo”, livro insuperável até hoje.
Gondin da Fonseca, getuliano e articulador da campanha eleitoral do marechal Henrique Teixeira Lott à presidência da República contra Jânio Quadros, o candidato da direita paulista.
Lamentavelmente Gondin da Fonseca morreu sem conhecer o engenheiro do Proálcool, Bautista Vidal, que por sua vez não chegou a ver o estrago antinacional da Raízen. Anteviu a sua desastrosa chegada, mas não viu o tamanho do estrago civilizatório que está em curso desde 2011.
Os engenheiros da AEPET desprezam o legado de Bautista Vidal na área energética, tecnológica e ecológica. Esse desprezo não é inocente, é um crime do ponto de vista político e cultural. O petróleo está acabando e o que resta é objeto de guerra como no caso da Venezuela, país massacrado pelo imperialismo que já decretou a morte do chavista Nicolás Maduro na masmorra de Guantánamo.
Desde 1998, data do nosso primeiro encontro, eu vi a gestação do pensamento de Bautista Vidal. Fui parceiro dele em vários livros, a começar de Poder do Trópicos. Antevejo que daqui a pouco meu nome será apagado dessa parceria. Quem se lembra de Gondim da Fonseca? Quem reedita os seus belíssimos livros? O mesmo olvido criminoso aconteceu na Argentina com Manuel Ugarte, o embaixador bolivariano de Perón no México.
Antes de Bautista Vidal, o filósofo Hegel preludiou que as potencias ocidentais iriam guerrear contra o Brasil na cobiça do sol e da água doce. Na Venezuela é por causa do petróleo. Essa cobiça vai descendo pela Amazônia porque seremos inexoravelmente a estrela energética do planeta por causa do território, ou seja, determinado pelas leis da natureza dos trópicos.
Resta saber, como alertou Bautista Vidal, se o território estará sob o controle do povo brasileiro ou sob o domínio do capital estrangeiro. E aí é que entra a Raízen Shell corroendo por dentro e por fora a Petrobras para produzir álcool e óleos vegetais com lucros exportáveis. A Raízen é a boca do dragão imperialista engolindo o povo sem o território. Acrescente-se que a direção da AEPET nesse contexto dramático não está nem aí para o legado de Bautista Vidal.
Comício do Marechal Lott em São Carlos, 1960, meu pai Zolachio junto com minha mãe Adelaide, fomos num fusquinha para encontrar lá o meu irmão Gilson Felisberto, à época estudante de engenharia e leitor de Gondin da Fonseca. Eu era um menino com 11 anos de idade.
Impressionou-me aquele homem grandão andando no palanque, não reparei evidentemente no discurso do orador Batista Luzardo que havia sido embaixador de Getúlio Vargas na Argentina, amigo de Perón e a oposição no Itamaraty ao vendepatria João Neves da Fontoura que atrapalhou o pacto ABC (Argentina, Brasil, Chile), o prenúncio do Mercosul. Mais tarde o golpe de 64 made in USA foi contra esse pacto bolivariano do Sul ao Caribe.
Não por acaso em nossas universidades colonizadas recalca-se o pensamento do coronel Juan Domingo Perón, tido como bandido taradão da Patagônia.
Texto: IELA
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