USAID e a falácia da generosidade
Texto: Camila Feix Vidal - IELA
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Os indígenas dos seis povos originários da Guiana Francesa se somaram às manifestações.
Depois de três semanas, permanece a greve geral na Guiana Francesa. As manifestações no território ultramarino, uma das últimas regiões não independentes da América Latina, começaram no dia 27 de Março com a greve geral decretada por unanimidade pela “Union des Travailleurs Guyanais” (UTG), a principal central sindical do país, que reúne os 37 maiores sindicatos. Os motivos que levaram à greve são vários, mas a maioria em consequência do agravamento dos problemas sociais, como a violência, a imigração, as precárias condições de saúde, educação, etc.
Além da greve, uma série de manifestações tem ocorrido pelo território, e dentre elas a mais impactante é o bloqueio do trânsito de ruas e rodovias estratégicas, em especial o acesso à Base Espacial de Kourou, controlada pela Agência Espacial Francesa com apoio da Agência Espacial Europeia.
Apesar da longa duração das mobilizações, as negociações com o governo francês não tem avançado. Na semana passada a Ministra de Ultramar, pasta que veio a substituir o antigo Ministério das Colônias, juntamente com o Ministro de Interior da França, apresentou uma proposta que destinava 1 bilhão de euros a alguns dos problemas sociais levantados pelos manifestantes. A proposta, no entanto, foi recusada pelas organizações populares que haviam apresentado um documento de mais de 400 páginas de reinvindicações. Esperava-se no mínimo 2,5 bilhões de euros que antedessem todas as áreas elencadas.
Na última sexta-feira (07/04), em frente à Prefeitura de Caiena (representação do Estado francês no território ultramarino), o coletivo “Les 500 frères” (Os 500 irmãos) de luta contra a violência, conclamava a população a permanecer mobilizada dia e noite em frente ao edifício e boicotar as eleições presidenciais francesas que ocorrem no fim do mês. Em meio à mobilização, um policial foi ferido.
As manifestações continuam, mas como é comum a toda sociedade de classes, logo os conflitos aparecem. Nesta terça-feira, pela primeira vez uma organização contrária às manifestações, o coletivo “Pou Lagwiyann circulé” (Para a Guiana circular, em creole) marchou em direção à Korou, cidade que abriga o Centro Espacial. O coletivo reivindica o fim dos bloqueios de rodovias, e o conselheiro territorial e empresário Denis Burlot apresentou uma queixa na Delegacia contra as obstruções ao trânsito.
Por ocasião da marcha, houve um encontro entre os membros do coletivo contrário aos bloqueios e José Mariéma, um dos chefes do movimento Pou Laguiyann dékolé (Para a Guiana decolar, também em creole), que organiza as barricadas. Segundo jornal France-Guyane, José Mariéma perguntou aos opositores o que eles propõem para que haja entendimento com o governo, e questionou: “O governo nos faz andar em círculos, nos deu duas ou três migalhas, mas não se importa. Então o que devemos fazer?”. Em resposta, uma empresária lhe disse que “as dificuldades em que se encontram as empresas devem levar os organizadores das barragens a suavizar seu movimento”. Não por acaso, a presença de brancos é muito maior nas manifestações contrárias às barricadas que nas favoráveis.
Marcha do Coletivo Pou Lagwiyann Circulé, contrário aos bloqueios de rodovias, na cidade de Korou.
Texto: Camila Feix Vidal - IELA
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Texto: IELA
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