A destruição da ciência e da universidade argentina
Texto: IELA
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A Guatemala está entrando em uma fase decisiva que certamente definirá seu futuro pelos próximos dez ou vinte anos. Trata-se de um confronto entre um estilo de política enraizado na modernidade republicana e regido pelo Estado de Direito, e outro que continua carregando os resquícios de um passado autoritário e oligárquico com ecos coloniais.
Essas duas abordagens estão se chocando novamente, como já aconteceu de diferentes maneiras no passado. Em meados do século XX, houve uma tentativa de modernizar não apenas o Estado, mas a nação como um todo, porém esse esforço foi abruptamente interrompido por uma outra Guatemala que não hesita em se aliar a potências estrangeiras para atingir seus objetivos.
Ao longo da segunda metade do século XX, as consequências da imposição desse projeto — um projeto imposto pela violência e derramamento de sangue, com recuos apenas parciais quando taticamente conveniente — foram sentidas. Assim começou a chamada abertura democrática em meados da década de 1980, um projeto nascido dentro das Forças Armadas, que perceberam que não podiam mais continuar o projeto genocida que estavam executando.
Mais tarde, não tiveram alternativa senão aceitar, ainda que a contragosto, os apelos por responsabilização pelos crimes cometidos na segunda metade do século XX e pela corrupção que permeava as estruturas do Estado. Aguardaram o momento oportuno e, em 2019, desmantelaram o principal instrumento que os expunha e os levava a julgamento: a CICIG (Comissão Internacional contra a Impunidade na Guatemala).
Desde então, sentindo-se livres para agir, aqueles que antes se sentiam ameaçados pela possibilidade de serem responsabilizados agiram sem controle. Formaram o que hoje é conhecido como Pacto dos Corruptos, um grupo interessado em manter a impunidade e processar criminalmente qualquer um que se oponha a eles.
Entrincheirados no Ministério Público, eles abusam dos mecanismos previstos pelo sistema judiciário do país. No entanto, em princípio, seus dias estão contados: em poucos meses, o mandato para o qual seus principais líderes foram nomeados termina, e eles podem ser responsabilizados.
Mas, como gatos encurralados, eles estão tentando reverter a situação a seu favor a todo custo e atacam implacavelmente a entidade que deveria dar o veredito final: o Poder Executivo, no qual um grupo político foi eleito em 2023 buscando conter seus excessos e tentar construir o que a Guatemala nunca teve plenamente: o Estado de Direito.
Essa tarefa cabe ao Poder Executivo liderado por Bernardo Arévalo. Ele chegou ao poder com essa promessa e recebeu o apoio da maioria de uma população cansada de governantes autoritários e cleptomaníacos. Trata-se, porém, de um governo desgastado, que perdeu grande parte do apoio que tinha em 2023 devido às dificuldades enfrentadas para chegar ao poder.
Mas a situação atual do país é crucial: o que acontecer agora determinará o caminho a ser trilhado nos próximos anos. Agora, mais do que nunca, existe uma possibilidade real de deter as forças do obscurantismo, mas isso só será possível com o apoio decisivo dos cidadãos que, em 2023, demonstraram seu compromisso em respeitar a vontade expressa nas urnas.
Não se trata apenas, nem mesmo principalmente, de defender o governo atual, mas de defender um caminho futuro que abra vias para a convivência democrática moderna. Esperemos que possamos compreender isso claramente e agir de acordo.
Texto: Álvaro García Linera - Bolívia
Texto: IELA
Texto: IELA
Texto: Elaine Tavares
Texto: Rafael Cuevas Molina - Presidente AUNA-Costa Rica