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Hidrelétrica pode destruir povo indígena na Costa Rica

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Por IELA em 09 de julho de 2011

09.07.2011 – Não é só no Brasil, com Belo Monte, que se insiste na lógica das grandes obras hidrelétricas contra os interesses das gentes. Também na Costa Rica um tradicional povo indígena, assim como comunidades ribeirinhas estão ameaçadas pelo Projeto Hidrelétrico Diquis, a ser construído no Rio Térraba. Conheça o tema através da reportagem publicada em: http://www.surysur.net/?q=node/14843
Costa Rica: rechaço geral ao projeto hidroelétrico Diquis
Por Alonso Mejía – Jornalista
Faz bem pouco tempo, no Chile, iniciou-se uma luta a propósito de uma central termoelétrica que arruinaria um extenso litoral-santuário de vida animal. Agora, na Costa Rica, movimentos ambientalistas anunciam uma batalha para evitar a construção de uma mega planta nas terras do povo Térraba. Junto com indígenas e moradores dos municípios de Buenos Aires e Osa, vários militantes estão programando ações que visem impedir o projeto elétrico Diquis, uma ameaça ao ambiente e às comunidades.
O presidente do Comitê para a Eliminação da Discriminação Racial da ONU enviou uma carta ao governo alertando sobre a situação dos povos indígenas da localidade. Segundo informação recebida pelo Comitê, o governo da Costa Rica, através da companhia hidrelétrica estatal ICE, tem a intenção de construir uma represa (a Diquís) que inundará pelo menos 10% das terras registradas do povo Térraba. Estas terras incluem lugares de caráter sagrado, cultural e arqueológico, o que seria uma perda irreparável.
 
O presidente do Comitê, Anwar Kemal, expressa em sua carta a profunda preocupação por saber que o povo Térraba não foi consultado e muito menos foi chamado a participar do processo que gerou essa decisão, a pesar de todos os pedidos feitos e que foram sistematicamente rechaçados pelos funcionários do Estado que os considerou prematuras.  Por outro lado, soube o representante da ONU que já estão sendo construídas estradas e montados armazéns e casas para os trabalhadores da hidrelétrica na zona indígena.
O Comitê disse que está atento ao processo de construção da represa e alertou que essa obra pode se constituir uma ingerência grave e de grande escala, colocando em perigo a sobrevivência cultural, e inclusive física, do diminuto povo Térraba.
Os representantes indígenas afirmam  que para 2016 a capacidade de geração de energia no país será duas vezes maior do que a demanda estimada para este ano, e por conta disso entendem que produzir mais energia para consumo local não tem qualquer justificativa. 
Faz poucos dias o Comitê para a Eliminação da Discriminação Racial da ONU alertou sobre a situação que enfrentaria o povo Térraba diante da iminente construção da obra hidrelétrica. Por sua vez, o  Instituto Costarriquense de Eletricidade (ICE), que dirige a obra, insiste em dizer que esta represa vai reduzir  a geração de energia fóssil, diminuindo assim a emissão de gases tóxicos. A obra inicia em 2013 e deve entrar em operação em 2018. Tem um custo superior a dois bilhões de dólares e pretende suprir o consumo de mais de um milhão de habitantes.
 
O presidente do Comitê para a Eliminação da Discriminação Racial da ONU enviou uma carta ao governo da Costa Rica expondo sua preocupação com os indígenas, dizendo que a perdas das suas terras tradicionais aumentará ainda mais as condições de pobreza extrema as quais está submetido o povo Térraba já na atualidade.
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Como se pode observar a situação dos indígenas da Costa Rica é bastante parecida com a dos indígenas ribeirinhos do Rio Xingu, ameaçados por Belo Monte. Os governos, tanto de lá como de cá, seguem surdos a estes povos que são, na verdade, os donos das terras. Na Costa Rica, o povo Térraba vive uma situação bastante difícil. Existem apenas 350 almas da etnia e a língua original já anda bem esquecida. Ainda assim eles travam uma luta renhida para recuperar sua língua e sua cultura.
Agora, com a proposta do governo de ocupar seu território e destruir seus lugares sagrados, a situação fica ainda mais grave. Caso isso se concretize, é bem possível que o povo venha a se extinguir, perdidos nas cidades próximas, desgarrados de sua cultura. Mas a luta é grande e os Térraba contam com sua própria força e a de companheiros de todo o mundo.
Vejam o vídeo sobre o tema e observem as semelhanças com Belo Monte. A riqueza sangrando para a mão dos poderosos.

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