Operação Águia – Aliança para o Progresso (E 10)
Texto: Camila Feix Vidal - IELA
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Honduras escolhe novo presidente e deputados nacionais nesse domingo
Xiomara Castro – esperança da oposição
23.11.2013 – Nesse domingo, 24 de novembro, Honduras volta às urnas, depois de um mandato praticamente sem legitimidade de Porfírio Lobo, conquistado logo após o golpe de 28 de junho de 2009, que arrebatou a presidência de Manuel Zelaya, tendo como um dos motivos o fato de o mesmo estar se aproximando demasiado de Hugo Chávez.
Naqueles dias, foi instaurado um processo eleitoral sob o comando dos militares e os candidatos de esquerda se recusaram a participar. Durante o processo de golpe e no decorrer do mandato de Lobo, o país viveu e tem vivido momentos de completo terror, com assassinatos de jornalistas e ativistas sociais, perseguições, sequestros e uma série de outras violações de direitos humanos. Durante esse mandato tampão, que não é reconhecido pelas forças de esquerda de todo mundo, aprofundou-se a militarização do país, com a ação nefasta de grupos como o da Polícia Militar da Ordem Pública, que tem sido implacável com os movimentos sociais. Ainda assim, as gentes se mobilizam e seguem lutando, agora por uma Constituinte que mude os destinos do país.
Nas eleições desse domingo, o Partido Libertad y Refundación (Libre) apresenta a candidatura de Xiomara Castro, esposa do presidente deposto Manuel Zelaya. Ela tem sofrido ataques fortíssimos por parte do oficialismo, com a mídia entreguista patrocinando uma campanha de terror, chegando a dizer que se ganhar “muitos males se abaterão sobre o país”, pois os Estados Unidos não mandarão mais dinheiro. Honduras tem hoje uma dívida externa, junto ao FMI, que ultrapassa os quatro milhões de dólares, além de uma dívida interna de mais de três bilhões, feita junto aos bancos nacionais, principalmente no pós-golpe. A dívida consome mais de 40% do Produto Interno Bruto, mas a situação fala como se não ter mais o crédito junto aos EUA fosse ruim.
Contra Xiomara, o principal opositor é Juan Orlando Hernández, candidato do partido que está no poder, Partido Nacional de Honduras, que nada mais oferece além do seguimento da política de violência e opressão aliada aos interesses dos Estados Unidos. Mas, além dele, ainda há um número expressivo de outros candidatos, no mesmo marco dominante, que podem ajudar a diluir os votos da população. Isso sem contar no percentual alto de abstenção que pode acontecer, tal qual nas últimas eleições.
Além do novo/nova presidente, Honduras deverá escolher 128 deputados do Congresso Nacional, uma eleição que também mobiliza as gentes pois, afinal, é o Congresso que joga um papel fundamental na formulação de políticas.
Entre os movimentos sociais há uma grande expectativa com relação ao Partido de Xiomara, que se inscreve numa perspectiva diferente do velho bipartidarismo (Liberal e Nacional) , tendo como bandeira, justamente, a ideia de uma refundação de Honduras, com a proposta de chamamento de uma Assembleia Nacional Constituinte, tal qual aconteceu na Venezuela, Equador e Bolívia. Ainda assim, o novo partido não está livre de suas contradições, uma vez que muitos de seus membros vêm das fileiras do velho Partido Liberal. Inclusive a vice de Xiomara é uma empresária do ramo farmacêutico.
As eleições acontecem num cenário difícil, com completo abandono do estado no que diz respeito as suas obrigações sociais. Apesar disso, o medo é um elemento muito forte em toda a população e é bastante difícil qualquer previsão sobre o que possa acontecer. Haverá mais 500 observadores internacionais no processo, mas todo o cinturão de violência criado desde o golpe pode jogar um peso muito grande, fazendo com que as pessoas não compareçam às urnas.
O certo é qualquer candidato que vença as eleições estará colocado diante de grandes problemas. A direita terá de enfrentar a mobilização popular cada vez maior, e a esquerda terá no seu encalço aqueles que estão no poder desde o golpe, dispostos a manter as reformas neoliberais.
Que o povo de Honduras esteja a altura de definir seu destino, escolhendo o melhor caminho.
Texto: Camila Feix Vidal - IELA
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