La universidad bajo asedio
Texto: Rafael Cuevas Molina - Presidente AUNA-Costa Rica
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Honduras: latifundiários, com ajuda do governo golpista, reprimem e expulsam camponeses
11.01.2010 – Agora que a mídia não fala mais sobre o golpe de Honduras, uma vez que já aconteceram as eleições, que ninguém mais diz que foram ilegítimas, o povo daquele país começa a sofrer violenta repressão por parte do governo. A população camponesa, por exemplo, que durante o governo Zelaya conquistou terra, está sendo despejada e lutadores sociais urbanos são assassinados. Agora, com o governo atuando livremente, e reconhecido por grande parte dos países do mundo, aqueles que lutam contra o golpe e pela garantia do que foi conquistado com Zelaya estão sendo caçados como bichos.
Organizações de Direitos Humanos de Honduras estão denunciando uma violenta repressão do exército e da polícia daquele país que no último dia 9 de janeiro despejaram várias famílias de camponeses na região do Valle de Aguán, no norte do estado de Colón. “Foi uma carnificina”, dizem. A operação contou com 500 militares que chegaram com armas de guerra e bombas de gás. “Condenamos esta selvagem repressão militar contra homens, mulheres e crianças de Colón”, diz o comunicado do Comitê de Familiares dos detidos e Desaparecidos (Cofadeh).
Os camponeses estavam reivindicando o uso das terras, que são propriedade do Estado e que lhes havia sido entregues pelo ex-presidente Manuel Zelaya, depois de um longo conflito com latifundiários da região. O Cofadeh denuncia que os camponeses informaram que já no início de dezembro de 2008 o exército havia começado a hostilizar as famílias viando a expulsão das mesmas das terras que reclamam desde 2004. “Essas denúncias agilizaram o processo do que hoje se converteu numa barbárie humana em terras que são propriedade do Estado e não dos latifundiários”.
O Cofadeh interpôs um Recurso de Habeas Corpus em favor de 30 pessoas que foram detidas no XV Batalhão de Infantaria, com sede em Trujillo, Colón, e acusam que as mesmas foram submetidas a torturas desde a prisão. Chama ainda as organizações internacionais de direitos humanos a “reativar suas redes de solidariedade em favor da vida e da liberdade dos que sofrem a repressão em Colón como parte das ações da ditadura militar”.
Dirigentes camponeses identificaram os latifundiários que pretendem expulsar-los destas terras como Miguel Facussé Barjum e o colombiano René Morales, partidários do golpe militar do passado 28 de junho. Por outro lado, a Rádio Progresso, do também nortenho departamento de, denunciou a morte de pelo menos três pessoas durante o ataque dos militares aos membros das cooperativas da zona. Segundo algumas testemunhas que falaram à rádio, centenas de mulheres e crianças corriam entre as plantações de palma africana até a zona pantanosa do rio Aguán, fugindo dos gases.