Judiciário colombiano anula sentença de Uribe
Texto: Elaine Tavares
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Nuestra América não é para os fracos e mostra claramente que, sem um revolução de verdade, os fatos vão se repetindo, farsa após farsa. Na Colômbia, depois de muita denúncia e luta popular, o narcopresidente Álvaro Uribe foi condenado a 12 anos de prisão sob acusação de suborno e fraude processual, em julho deste ano. Ou seja, um crime bem prosaico diante de tudo que ele comandou quando era presidente do país: os paramilitares, o narcotráfico, os assassinatos, a subserviência aos Estados Unidos com a cessão das bases militares, etc… Mas, ainda assim, foi uma vitória.
Só que a vitória durou bem pouco. Uribe não foi encarcerado, ficou em prisão domiciliar. Hoje, 22 de outubro, o Tribunal Superior de Bogotá simplesmente anulou a condenação, garantindo assim a impunidade a essa figura nefasta para a Colômbia. Os argumentos foram de que a sentença tinha alguns “erros metodológicos e falácias interpretativas”. Malabarismos jurídicos de um judiciário que sempre esteve na mão da classe dominante.
Com a anulação Uribe está de novo na pista, livre para atuar politicamente às claras e ainda que reste uma instância de apelação à Corte Suprema, há pouca esperança de que a decisão de anulação seja revertida.
Mesmo com um governo progressistas como o de Petro, as estruturas institucionais ainda estão completamente dominadas pelos históricos “donos do país”. Uribe, por exemplo, que governou por longos anos, foi o organizador do grupo paramilitar Bloque Metro nos anos 1990, criado dentro das fazendas da família. Este foi um dos grupos mais selvagens no combate ao movimento revolucionário popular. Sobre isso há testemunhas fidedignas, mas a justiça nunca julgou. Tampouco Uribe responde pelos falsos positivos (jovens camponeses assassinados e apresentados como guerrilheiros) e pelo roubo de terras, com desalojo de famílias, igualmente sob acusação de guerrilheiros.
Agora, com essa virada jurídica que coloca Uribe na cena política outra vez, ele está soltinho para disputar a eleição de 2026.
Texto: Elaine Tavares
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