Equador: o passado de volta
Texto: Elaine Tavares
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Livro ecoa voz de um refugiado do terror
Por Raquel Moysés
Mais de 80 mil exemplares do livro de Hernando Calvo Ospina circulam hoje em várias partes do mundo em edições em espanhol, francês, alemão e agora também em português. A edição brasileira de “O terrorismo de Estado na Colômbia” vai ter novo lançamento nesta quarta-feira à noite, 14 de abril, no auditório da reitoria, durante as Jornadas Bolivarianas – 6ª edição. No país em que nasceu o autor, a Colômbia, a publicação foi possível apenas em edição clandestina. No Brasil, o livro está chegando às mãos dos leitores com a contribuição decisiva de sete sindicatos de Santa Catarina, que arcaram com os custos de tradução, depois que a publicação da obra foi rejeitada pela editora da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
Por onde passa, o livro de 344 páginas desencadeia uma torrente de revelações que desbarranca certezas plantadas, nas cabeças de muita gente, principalmente pela mídia dominada e dominante. A obra, que agora circula no Brasil, pela Editora Insular, de Florianópolis, amplifica a voz de seu autor. Um jornalista colombiano que, depois de escrevê-la, não pode mais voltar ao seu país. Hernando vive hoje na França, como refugiado político, trabalhando no jornal Le Monde Diplomatique. No momento, ele escreve um livro sobre a CIA (Agência Central de Inteligência) dos Estados Unidos. Entre outras obras já publicou Don Pablo Escobar; Peru: los senderos posibles, Salsa e Bacardi: la guerra oculta.
Solidariedade com atitude
Na conferência que fez na UFSC – a convite do Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFH), do Programa de Pós-Graduação em História (PPGH), do Instituto de Estudos Latino-Americanos (IELA) e do Núcleo de Estudo de História da América Latina (NEHAL – Ospina foi recebido por uma pequena multidão, na maioria jovens universitários e adolescentes do Colégio de Aplicação. Eles ocuparam as cadeiras, sentaram-se no chão e até ficaram assistindo do lado de fora do Auditório do CFH. Ao final da palestra, na fila de espera para receber o autógrafo, um estudante de Ciências Sociais declarou, visivelmente impactado: – Nesse meu tempo de curso, este foi o melhor momento que já vivi na universidade.
A acolhida de “O terrorismo de Estado na Colômbia” no dia dessa conferência também surpreendeu: 118 pessoas saíram do auditório com o livro nas mãos. Uma edição brasileira que só foi possível porque sete sindicatos (Sinergia, Sindprevs-sc, Sindpd, Aprasc, SEEB-Fpolis, Sintraturb e Sindsaúde) se juntaram, em um gesto de solidariedade internacional contra a escalada do terror que atinge sindicalistas e todos aqueles que lutam, são perseguidos e assassinados na Colômbia. Esses sindicatos foram além de declarações de repúdio contra o que classificaram como censura em uma casa editorial universitária. Para trazer o livro a público, e para que fosse vendido a um preço acessível, assumiram as despesas de tradução.
É que o livro de Ospina foi encaminhado, em 2009, para ser incluído na Coleção Relações Internacionais e Estado Nacional (RIEN) da Editora da UFSC. A obra foi examinada por dois docentes, ligados aos cursos de Relações Internacionais – um da UFSC e outro da UFRGS –, tendo ambos emitido pareceres favoráveis a sua publicação. No entanto, um membro do Conselho Editorial, pertencente ao Departamento de Engenharia Elétrica, pediu vistas desses pareceres e, após uma leitura rápida do livro, pois teve apenas uma semana para analisá-lo, emitiu parecer contrário à publicação, conseguindo aprovar tal posição no Conselho Editorial.
O professor Waldir Rampinelli, do curso de História e coordenador da Coleção RIEN, buscou então apoio das entidades sindicais para assegurar a publicação. Durante a conferência, ele ressaltou a importância de dar a conhecer a história da Colômbia e seu povo. “ Em muitos países há um grande preconceito em relação à Colômbia, pois se reproduz a ideia de que todo mundo ali é narcotraficante.” Além disso, lembra Rampinelli, os meios de comunicação só falam do “terror da guerrilha”, ignorando “o terror de Estado” que avassala aquele país.
Entre a morte e a rumba
No livro, Ospina narra, a partir de fontes primárias, como o terrorismo de “colarinho branco” mancha de sangue a nação colombiana. Essa denúncia lhe custou o exílio e, ao falar, ele deixa transparecer a dor pelo afastamento forçado de sua Colômbia, um país belo, que tem em sua geografia desertos, cumes nevados, florestas e planuras. “E, no entanto, em um mundo tão maravilhoso, nós nos matamos”.
O jornalista demonstra inconformismo diante de uma situação, imposta pela oligarquia, que fez da Colômbia uma “sociedade de guerra, de morte”. E o mais grave, diz, “é que como a nós, do povo, nos sobraram os mortos, nos acostumamos a viver assim: entre a morte e a rumba.”
E isso não é brincadeira, conta Hernando, pois é comum, nas cidades colombianas, que as conversas das primeiras horas do dia, quando as pessoas se cumprimentam, sejam nesse tom: – Como? Amanheceu?
Ele diz que“o estado oligárquico terrorista impõe a naturalização dessa cultura de morte”. E isso é tão forte que se manifesta até mesmo entre os militantes populares e dirigentes sindicais, entre os quais é freqüente se ouvir, quando se encontram, a seguinte pergunta: – E por que ainda não te mataram?
Pensamento livre
Em contraste com a gravidade do tema da conferência, Ospina festejou a presença de tantos jovens, “pois é na universidade que o pensamento deve ser livre”. Ele, que agora vive em Paris, diz que, na Europa, na maioria das conferências, quase só comparecem os mais velhos. A juventude vive um processo de conservadorismo, para proteger o pouco que tem. Por isso, entra na tática do “fica quieto”, “deixar passar”. Porque atrás de um posto de trabalho há outros 100 seres humanos dispostos a ganhar menos e trabalhar mais.
Hernando comemora a publicação do livro no Brasil, ressaltando que é fruto de uma “pelea” de militantes daqui, que conseguiram o apoio de movimentos e intelectuais de várias partes do mundo. Mas, é certo, constata, “que um livro censurado levanta a imagem do próprio livro e também do seu autor”.
O escritor conta que a editora europeia que tem os direitos para a língua espanhola, teve medo de distribuir o livro na Colômbia. Mas a obra foi publicada clandestinamente e, nesse caso, Hernando confessa ter orgulho de dizer que foi ‘pirateado’, pois era a única forma de o livro ser lido no país. O jornalista confessa ter se comovido quando, em sua casa na França, recebeu, pelo correio, um exemplar da edição feita às escondidas. No Equador, a publicação se deu do mesmo modo. “Eu o encontrei e comprei em Quito, em uma banquinha que vendia chocolates.”
Uma oligarquia violenta
Ao falar sobre o tema do livro, Ospina comenta uma questão que o intriga: ele gostaria de saber que tipo de “gene” teria contaminado o sangue da oligarquia colombiana para ela ser tão violenta. “Porque uma violência assim, tão violenta, histórica, parece que se manifesta desse modo só na Colômbia. E nossos problemas começaram desde que Simón Bolívar, no seu sonho de ver toda a América Latina unida, libertou cinco nações que formaram a Gran Colômbia.”
E foi aí também, “que os Estados Unidos, que foi o primeiro país a reconhecer a independência das antigas colônias espanholas, logo tratou de dividi-las”, complementa. Essa divisão, apoiada pelo governo estadunidense e pela Inglaterra, aconteceu através das mãos das oligarquias rurais, que tomaram o poder e instauraram o regime de violência ainda hoje presente na Colômbia e em outros países latino-americanos.
Ospina lembra que as guerrilhas se originaram no país, principalmente a partir da década de 1920, porque os trabalhadores empobrecidos e explorados levantaram as bandeiras da luta por terra, educação e saúde. Com o surgimento da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), porém, os Estados Unidos começaram a tachar os que lutavam e os sindicatos de comunistas, no que foram imediatamente apoiados pelo governo colombiano, que passou a perseguir e exterminar sindicalistas.
O jornalista recorda ainda que os Estados Unidos, que “roubaram metade do território mexicano (área relativa ao Texas, Flórida e Califórnia) e tiraram o Panamá da Colômbia”, estiveram por trás da grande violência nas primeiras greves petroleras, quando trabalhadores foram dizimados, a mando do governo colombiano. No episódio que ficou conhecido como o “Masacre de las bananeras”, em 1928, o exército disparou contra dois mil trabalhadores da United Fruit Company, que protestavam e lutavam por mudanças nas condições de trabalho e vida.
Estado vassalo
Hernando enfatiza que as relações serviçais do governo colombiano com os Estados Unidos são em grande parte responsáveis por esse estado de terror imposto historicamente à população. Ele afirma que os embaixadores colombianos atuam como “embaixadores dos Estados Unidos”, e assinala que os textos de fundação da Organização dos Estados Americanos (OEA) foram escritos pela Colômbia, a mando daquele país. Sob a influência dos EUA, a doutrina da segurança nacional foi inaugurada na Colômbia, em 1928, e, ademais, a Colômbia foi o único país da América Latina a apoiar a guerra da Coréia, inclusive enviando tropas.
O escritor cita ainda o papel condenável que a igreja católica cumpriu ao longo da história colombiana, contribuindo para a manutenção desse estado de violência. Era ela que, segundo Hernando, até recentemente entregava ao governo listas de batismos, em que os pais das crianças tinham que declarar se eram liberais ou conservadores, fato que poderia ser utilizado contra ou a favor deles no futuro. “A igreja e também a mídia atuam como generais da guerra na Colômbia”.
Entre fatos históricos que aprofundaram a espiral de violência no país, Hernando cita ainda o assassinato de Jorge Eliécer Gaitán Ayala, em abril de 1948, numa rua de Bogotá. O parlamentar que sacudia, com sua oratória inflamada, o Congresso e as praças públicas, denunciando a oligarquia colombiana, pagou com a vida o desafio ao poder estabelecido. “Tirava-se do caminho aquele que com certeza seria eleito no ano seguinte presidente,” narra Ospina no livro.
Gaitán, que pertencia aos quadros do Partido Liberal, era um líder popular com discurso nacionalista e anti-imperialista. Com a morte dele, a revolta foi tão grande que o povo atacou e incendiou símbolos do poder em Bogotá, como o Palácio da Justiça, a Procuradoria da Nação, o Ministério do Interior e da Educação, a sede presidencial, a Nunciatura Apostólica e vários conventos, todos responsabilizados pela autoria intelectual do assassinato de Gaitán. Os informes oficiais falam de três mil mortos nos três primeiros dias do “Bogotaço”, mas Ospina calcula que o número deva ter sido pelo menos o dobro.
Luta armada por mudanças
Desde esse tempo, os partidos Liberal e o Conservador estabeleceram uma coalisão, denominada de Frente Nacional, destinada a garantir o poder à oligarquia, pois se revezavam no governo. Os mais perseguidos eram os camponeses liberais gaitanistas, entre os quais, acredita-se que, entre 1946 e 1958, tenham sido assassinadas cerca de 300 mil pessoas.
É nesse cenário que se fortalece a luta armada das guerrilhas, formadas principalmente por camponeses que pediam mudanças no país. Queriam terra, educação, saúde. Foi então que com a vitória da revolução cubana, em 1959, e as transformações que ia influenciando no continente, os Estados Unidos se deram conta de que o inimigo não vinha de Moscou, como propalavam, mas estava dentro dos países latino-americanos: o inimigo era o povo que se levantava em luta.
Instala-se, então, em países latino-americanos dominados por governos oligárquicos e violentos, a doutrina da segurança nacional, inspirada em John Kennedy, um dos “mais repressivos presidentes dos EUA, que mais mal fizeram ao continente”, nas palavras de Ospina. “Os EUA juraram que na América Latina não haveria outra Cuba, e o Brasil, ao instaurar a doutrina da segurança nacional imposta pelos militares, foi laboratório dessa doutrina do terror destinada a acabar com o ‘inimigo interno’ a ser exterminado.
E essa doutrina se disseminou então por todo o continente, capitaneada por graduados na Escola das Américas, atualmente situada em Fort Benning, Columbus, Georgia, EUA, mas que esteve, de 1946 a 1984, localizada no Panamá. Nela se graduaram militares e policiais dos países da América Latina, alguns deles de especial relevância pelos crimes perpetrados contra a humanidade, como os generais Leopoldo Fortunato Galtieri, Hugo Banzer, Héctor Gramajo e Manuel Antonio Noriega, entre muitos outros.
Hernando lembra que, em anos passados, os métodos de tortura e desaparecimento já haviam sido “tecnificados” pela França, que espalhava o terror por suas colônias, onde usava médicos, psiquiatras, psicólogos, para fazer o torturado suportar o horror sem morrer. Depois, como assinala, os Estados Unidos tomaram o lugar da França, e tais métodos foram ensinados e aperfeiçoados, consolidando as ditaduras por toda a América Latina, com base inclusive na experiência brasileira.
Intransigência mantém a guerrilha
A Colômbia criou a primeira escola contra insurgentes em torno de 1964, mas até agora, apesar de governos sucessivos prometerem que vão derrotar os guerrilheiros, isso não acontece. Porque, como diz o jornalista, “o que mantém a guerrilha viva no país é a intransigência da oligarquia”, que não atende nem em mínima parte as demandas da população.
Na Colômbia, avalia, quem luta só tem três caminhos: o cemitério, o exílio ou a guerrilha. A maioria dos mortos é da população civil e quase toda família colombiana – e Hernando cita a sua própria – tem entre os seus integrantes gente que foi assassinada, teve que se exilar ou foi impelida a combater na guerrilha.
Durante o debate, ele foi bastante questionado, principalmente por estudantes colombianos que estudam na UFSC, sobre sua opinião relativamente à guerrilha, em particular modo sobre a atuação das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC). Hernando condenou os equívocos e excessos cometidos pelas FARC, criticando o fato de que elas também sejam responsáveis pela morte de civis. Ele adverte, contudo, que a guerrilha só prospera na Colômbia porque tem uma base social real, principalmente formada por camponeses em luta por terra, saúde e educação e que se levantam para que não lhes sejam tomados seus territórios ricos em água e petróleo.
Lembra ainda que as FARC já defenderam a criação de organizações políticas amplas, e que, em 1983, enviaram inclusive representantes ao congresso colombiano para fazer essa defesa. A intenção manifestada então era de aos poucos engrossarem as fileiras da União Patriótica, uma força liberal.
Genocídio político
Só que as forças oligárquicas recusaram o diálogo, e a espiral de violência continuou a assombrar a nação, sendo responsável pela morte de cinco mil pessoas da União Patriótica, incluídos entre os mortos três candidatos à presidência. “Foi um genocídio político, e os que sobraram tiveram que ir para o exílio ou a guerrilha”, denuncia o jornalista.
Ospina lembra que Manuel Marulanda Vélez, líder das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC), recentemente morto, era um campesino, cujo sonho declarado era de um dia poder caminhar pelas ruas de Bogotá – que sequer chegou a conhecer – com uma mochila nas costas.
Ele surgiu como líder, em 1965, adotando uma nova forma de resistência – guerra de guerrilhas – como comenta o professor Waldir Rampinelli, no artigo “Colômbia: Um Estado Terrorista”, depois que a “Operação Marquetalia”, uma incursão militar assessorada pelos boinas verdes estadunidenses contra supostos “bandoleiros” que defendiam “repúblicas independentes”, serviu para massacrar vários “pueblos”.
Um ano antes já havia surgido o Exército de Libertação Nacional (ELN), com forte influência ideológica da Revolução Cubana. Em 1967, aparece também o Exército Popular de Libertação (EPL). Mais tarde, em 1974, nasce também o Movimento 19 de Abril (M-19), que se definia como nacionalista e lutava pelo socialismo. Com sua doutrina do terror e o extermínio dos que lutavam, o Estado colombiano oligárquico, as classes dominantes e os Estados Unidos contribuíram para fazer emergir organizações político-militares, algumas delas atuantes até hoje.
Por pressão de organismos internacionais, o Estado colombiano foi denunciado com frequência por entidades de direitos humanos. Então, como relata Rampinelli, no artigo citado, “passou a estimular e depois a criar grupos paramilitares que tivessem as mãos livres para perpetrar crimes contra as organizações de esquerda. Os “para”, como são conhecidos, se autodenominaram de Autodefesas Unidas da Colômbia (AUC) e são financiados por empresários, latifundiários e narcotraficantes, cabendo ao Exército colombiano o suporte tático e estratégico. Tais grupos cresceram tanto no país que 1987 e 1988 são conhecidos como os “anos do paramilitarismo”. Eles chegaram a criar um partido político – o Movimento de Renovação Nacional (Morena) – pretendendo expandir a experiência paramilitar como ideologia política.”
Mapa do terror
Hernando Ospina, no seu livro, traça um mapa de como se organiza o Estado de terror, informando nomes de generais, coronéis e pessoas que assumiram a direção e operação dos grupos paramilitares o apoio dos Estados Unidos, de alguns países europeus e da América Latina. Os paramilitares atacam principalmente populações civis e desarmadas, assassinando líderes comunitários e sindicais, massacrando povoados acusados de abastecer as guerrilhas, obrigando eleitores a votar em seus candidatos, exigindo que camponeses vendam suas terras a preços irrisórios, e contando para isso com a proteção do Exército.
Os governos colombianos também têm sido responsabilizados por números assustadores relativamente aos direitos humanos. Rampinelli, no artigo em que comenta o livro de Ospina, escreve: “Fazendo-se uma comparação macabra com as ditaduras de segurança nacional da América do Sul, chega-se a números espantosos: o terror de Estado na Colômbia, a partir de 1986, tem matado mais, a cada período presidencial de quatro anos, que todas as ditaduras militares regionais juntas no mesmo espaço de tempo. Por isso, a Colômbia não teve ditaduras militares porque vive uma ‘ditadura perfeita’, ou seja, aquela que faz tudo o que as demais fazem e, no entanto, parece ser democrática.”
Revelações perturbadoras
Hernando Ospina chama ainda a atenção para o fato de que, como as organizações sociais foram exterminadas na Colômbia, praticamente a única força que sobrevive é a das guerrilhas. “Desgraçadamente, é o que nos resta. E a guerrilha colombiana não vai ser derrotada facilmente, por causa de sua base social.” O jornalista arrisca dizer que elas acabariam rapidamente se o governo decidisse destinar para as demandas sociais apenas 5% do que é investido para combater a guerrilha. “Quem está na guerrilha é gente pobre, e se a atendessem com saúde, educação terra, isso, na Colômbia de hoje, já seria chegar ao socialismo”.
A gravidade da fala sobre atrocidades cometidas contra um povo, e a banalização da morte imposta por um regime cruel, pesava sobre o público reunido ao final dos debates. Como se intuísse que as pessoas precisavam de uma lufada de ar, depois de tantas revelações perturbadoras, um cão entra e sai festivamente do auditório, provocando risos. O dono dele era um dos jovens que estivera uma manhã inteira ouvindo e dialogando com Hernando Calvo Ospina, esse filho do povo colombiano que escolheu escrever livros para denunciar o terror, mesmo pagando o preço do exílio.
Texto: Elaine Tavares
Texto: Rafael Cuevas Molina - Presidente AUNA-Costa Rica
Texto: Davi Antunes da Luz
Texto: IELA
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Texto: Davi Antunes da Luz