História e Pensamento Militar
Texto: IELA
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A disputa eleitoral da Venezuela, que começou com os meios de comunicação comerciais do país trabalhando com a informação de que o candidato da direita teria mais de 54% dos votos, encerrou com a vitória de Nicolas Maduro, que ultrapassou os 50% dos votos. O candidato da oposição ficou com 44%, isso tendo 80% das atas já computadas. Agora só resta ajustar os números, mas a vitória de Maduro está dada.
Foi um processo difícil e o resultado mostra que a oposição conseguiu avançar bastante. Isso porque a população acaba entrando na lógica de que é preciso mudança no país, mesmo que seja para pior, afinal, retornar às mãos da direita entreguista certamente não seria uma boa ideia. Quem conhece a realidade da Venezuela antes de Chávez sabe bem. Maria Corina, a liderança apoiada pelos países vinculados ao império estadunidense, foi a que chegou a pedir a invasão da Venezuela por tropas estrangeiras para tirar Maduro do governo. Isso mostra até onde essa gente é capaz de ir para recuperar o poder. O bloco de oposição encabeçado por Edmundo González tinha como proposta erradicar o bolivarianismo do país, o que, na prática significa acabar com os processos participativos.
Maduro certamente não é Chávez e seu governo tem muitos flancos abertos. Mas, apesar disso, o governo conseguiu vencer a guerra econômica movida pelos Estados Unidos que deixou a Venezuela desabastecida, levou a inflação às alturas e obrigou milhares de famílias a migrar. Há que lembrar que o grupo que construiu a candidatura de González é o mesmo que apoiou Juan Guaidó, que levou o país a bancarrota na sua aventura golpista, permitindo que países da Europa e Estados Unidos roubassem na cara dura o ouro venezuelano que estava nos bancos internacionais.
Apesar de toda a campanha contra, redes sociais atuando vertiginosamente com mentiras e enganos, o resultado dá um fôlego de mais seis anos para o bolivarianismo. A porcentagem conseguida por Edmundo é um sinal bastante claro de que Maduro precisa avançar no cuidado com a população e isso agora pode ser possível visto que a crise foi superada e a Venezuela voltou a crescer. A campanha de que a Venezuela precisava ser “livre” seguiu o modelo usado pela direita mundial que tem usado a palavra liberdade para conduzir as populações ao abismo da dependência. Basta lembrar o Bolsonaro no Brasil ou mais recentemente Milei, na Argentina. A liberdade apregoada, é claro, é a liberdade de ação do capital. Velha receita com novas palavras.
Chávez, ao assumir o governo em 1998, tinha como direção a construção do socialismo. Isso acabou se perdendo um pouco com a sua morte e a ascensão de Maduro. O enfrentamento com os Estados Unidos foi duríssimo e causou muitos danos ao país e à população. Fazer frente à guerra econômica foi uma tarefa duríssima, bem como enfrentar a pandemia estando com seus recursos bloqueados. Isso é mérito do governo de Maduro e a população mais informada sabe disso. Agora há que retomar o caminho do socialismo, fortalecendo a educação, a participação popular e a organização “desde abajo”. Como não houve uma revolução e a oposição segue atuando – clara e poderosamente apoiada pelos EUA – não será uma tarefa fácil.
Texto: IELA
Texto: Davi Antunes da Luz
Texto: Lauro Mattei - Professor/UFSC
Texto: João Gaspar/ IELA