A luta pela redução da jornada de trabalho
Texto: Nildo Domingos Ouriques
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Os professores ateus e humanistas, influenciados pelo grego Epicuro, que foi objeto da tese de doutorado de Karl Marx, estão com os dias e as noites marcados para morrer. Mas, atenção, os perseguidos não serão apenas os admiradores de Epicuro e Demócrito.
Nada no céu
Tudo na Terra.
Esse apotegma de Heinrich Cornelius Agrippa von Nettesheim a favor da vida com gozo e sem dor é um anátema para os pastores sadomasoquistas que se apossaram da outrora Ilha de Vera Cruz.
Os professores excomungados não serão aqueles comunistas que preferem O Capital à Bíblia.
Os professores perseguidos, ineludivelmente expulsos das escolas com pontapé na bunda, serão os macumbeiros, os umbandistas, os catimbozeiros e os kardecistas.
Que se cuide a professorança devota do Candomblé. Lembrem-se de Edison Carneiro, marxista e folclorista, que na Bahia se protegia da polícia escondido em casa de santo.
Edison Carneiro, que era negro, entendido em Umbanda, colaborou no Dicionário do Folclore Brasileiro de Luis da Câmara Cascudo, o magnífico e inigualável livro sobre a cultura popular, corre o risco de ser queimado em algum Templum Hevanjèlyko.
Não estou a exagerar em meu sinistro prognóstico. Tenho observado que o principal adversário dos neuróticos pentecostais não é o materialismo dialético, e sim o Folclore, a interpretação supersticiosa do mundo que se origina em Dante Alighieri, a quem Luis da Câmara dedicou um livro mostrando que a concepção de Dante do céu é a mesma do povo do Rio Grande do Norte. Acrescente-se que o povo nunca leu o poeta florentino.
O bispo Edir Macedo certamente não aprecia nem Dante nem Luis da Câmara Cascudo.
Pasmem os ociosos leitores, como diria Miguel de Cervantes, o ponto em comum entre Cascudo e Marx é a epígrafe de Dante posta em O Capital: segue o teu caminho…
O ignaro e barulhento igrejário dos pastores odeia o folclore por causa das superstições e das crendices euro-afro-ameríndias.
Tudo aquilo que diz respeito às crendices do povo que não passa pelo crivo da mercadoria evangélica é objeto de ódio e ataque violento, a ponto dos pastores cobrirem de porrada os umbandistas em favelas do Rio de Janeiro.
O ódio da igreja evangélica contra o folclore evidencia que este não é tão suscetível à mercadoria. No céu o pastor deixa a soberania para Deus em quanto quem manda na vontade eleitoral do povo é Edir e seus correligionários.
Lembra-me ter lido em algum maluco que ama o folclore que sem a oposição às igrejas dos crentes não há a menor possibilidade de existir revolução socialista no Brasil, conquanto haja proletariado e subproletariado crentes.
Os pobres no Rio de Janeiro e os oprimidos são crentes desesperados, informou Ney Lopes, marxista, brizolista, sambista, lexicógrafo do Rio de Janeiro, exímio conhecedor da cultura popular.
Ney Lopes, que foi amigo do meu amigo e professor Joel Rufino dos Santos, tem um verbete primoroso sobre Edir Macedo que trabalhou em loja de lotérica apadrinhado pelo governador Carlos Lacerda. O dízimo auferido dos crentes veio depois do trato rentista com o lotérico. Não é por acaso que Karl Marx meteu o sarrafo na loteria.
Quanto mais pobre a população, mais a Igreja Universal atua com sucesso. A ideologia da classe dominante não pode prescindir da manipulação popular feita pelos pastores ruidosos. Isso ficou evidente com a vitória de Jair neste 2018.
Trinta por cento das gentes brasileiras estão seduzidas pelas vozes evangélicas imbecilizantes que encabrestam e escolhem os candidatos. Nunca houve militância tão aguerrida, tão eficaz, tão persuasiva.
Nada se lhe compara. Partido político algum.
Bancada evangélica. Estado teocrático. O crente está imbuído de uma convicção que transcende a qualquer racionalidade. Quem não está comigo está com Satanás. Meu Deus é melhor que o seu. Milícia evangélica. Conforme o andar da carruagem, os evangélicos estarão armados dando tiro contra o folclore do povo.
Texto: Nildo Domingos Ouriques
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