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PsicosE U Atizapi despues de la telenovela

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Por IELA em 04 de outubro de 2019

PsicosE U Atizapi despues de la telenovela

 

Foto retirada da Folha Universal

Não deveríamos ficar apenas deprimidos, perder a argúcia analítica, e sim buscar a gênese deste infortúnio coletivo, que possui racionalidade histórica, não obstante o irracionalismo do fenômeno Jair Bolsonaro. Por que aconteceu isso? Lembro a escola de Frankfurt e de todos os revolucionários marxistas da Europa dos anos 20 e 30, notadamente Leon Trotsky que ficaram atônitos com a vitória de Adolf Hitler. 
De certo Hitler é diferente de Bolsonaro. 
Bolsonazi. 
Todavia, o bolsonazi não deixa de ter um efeito trágico e disruptivo para nós tal qual o nazismo na Alemanha e o fascismo na Itália.
Nós estamos vivendo sob uma ofensiva violenta do imperialismo que está suprimindo o patrimônio do país, porém com uma linguagem, uma ideologia, uma falcatrua baseada num exagero do espírito onde tudo é movido pelo barato místico, religioso e sobrenatural que culmina com Edir Macedo abençoando e ungindo Bolsonaro, apresentando-o a Deus.
Muito prazer. Não precisa cacifar o dízimo.
Não sei onde e quando se dará esse encontro sobrenatural de Bolsonaro com Deus, mas no jornal A Folha Universal, que tem um milhão de assinantes, eu vejo uma foto de Bolsonaro sendo ungido pelo pastor Edir Macedo. 
Em 2018 escrevi um artigo na Caros Amigos intitulado EdirJair. Deveria ser JairEdir, mas o conteúdo é o mesmo, ou seja, a base de sustentação de Jair Bolsonaro, afora as multinacionais e o imperialismo, é a boçalidade evangélica que tomou conta do país. Boçalidade essa que foi ensejada pela telenovela católica porque não há distinção sígnica entre católicos, evangélicos, protestantes; é tudo farinha do mesmo saco, todos antinacionalistas, antimarxistas e apátridas. 
Não concordo que a mensagem cyberzapi tenha substituido a telenovela com a vitória eleitoral de Jair Bolsonaro. Pode ter tido um efeito imediato esse irracionalismo uatizapi, com bombardeios recebidos pelo homo qualunque. Assim, o eleitor uatizapado fica comovido por alguém se lembrar dele. Que nem uma cartinha de outrora.  Todavia, eu discordo que a telenovela tenha perdido sua influência determinante na hora do brasileiro votar. 
O uatizapi não traz uma narrativa do desejo, da morte, não traz o enredo do amor e do dinheiro. É um telefonema volátil e efêmero endereçado a uma coisa só, enquanto a telenovela passa seis meses por ano, é um entretenimento cotidiano sedutor com a mais-valia ideológica, dizia o poeta Ludovico Silva. 
Não podemos imaginar  o que diria um Theodor Adorno vendo um capítulo uatizapi da indústria cultural, um dos principais fatores que tem obstaculizado a revolução proletária.
 
 

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