Tolerância Zero e o manejo penal da insegurança social
Texto: João Gaspar/ IELA
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A jornalista do IELA, Elaine Tavares, lança seu mais recente livro neste sábado, dia 26 de abril, a partir das 10h, na Livraria Desterrados, em Florianópolis. O livro reúne crônicas escritas durante os oito anos de cuidado com seu pai, acometido da Doença de Alzheimer. O diagnóstico, dado em 2016, fez da vida um turbilhão, afinal, ninguém está preparado para cuidar de alguém com demência, em casa. Elaine decidiu enfrentar o desafio e uma de suas estratégias para enfrentar o processo foi escrever. Desde a chegada do seu Tavares até o dia de sua morte, ele narrou as aventuras, as alegrias e a dor vivenciada no caminho.
Os textos foram publicados no facebook e imediatamente geraram inúmeros encontros humanos, visto que pessoas, de outros lugares do país, enfrentavam o mesmo drama. Quando o seu Tavares partiu, logo veio a ideia de publicar toda a coletânea como uma forma de ajudar famílias que estão passando pelo processo do cuidado. Nelson Rolim, da Insular acolheu e agora está aí. Como diz Elaine, cada história é uma história, cada família é uma família, mas sempre é possível pegar uma ideia aqui ou ali para enfrentar esse dor.
O livro, lançado pela Editora Insular chama “Boa noite, seu Tavares” e é a narrativa de uma experiência singular de amor e cuidado.
Trecho da apresentação do livro feito pelo médico Henrique Schlossmacher Passos:
Eu sempre disse à Elaine que eu saía de sua casa como que encantado, me perguntando: quem é que trata quem, afinal? Era muito satisfatório cuidar do Nelson porque Elaine sempre teve a clareza da crítica à hipermedicalização da vida, especialmente no envelhecimento. Não havia nenhuma dificuldade em compactuarmos sobre os limites das intervenções médicas e sobre nosso plano conjunto de mantermos Nelson sob cuidados domiciliares, evitando a hospitalização sempre que possível. Nosso desejo era de que o seu Tavares estivesse em casa em seus últimos dias, e assim foi. Com muita cumplicidade e vínculo, conseguimos articular que os seus últimos cuidados médicos fossem realizados na alegria e no conforto do lar. (…)
Quero aqui passar longe de qualquer romantização do perrengue e da desgraça que é cuidar de um parente com demência progressiva dentro de um contexto político social tão liberal e individualista. Vivemos numa urbe sem mobilidade urbana, sem políticas públicas adequadas frente ao envelhecimento demográfico e dentro de uma cultura etarista. Os textos da Elaine reverberam isso, tão vivos e crus, e não me permitem qualquer papinho “good vibes”. Não consigo nem posso medir o sofrimento e o cansaço envolvidos em torno de tanta história contada e vivida. Por isso é importantíssimo que a gente destrinche o conceito tão antiético que é a tal da “felicidade”. Só uma ética radical de respeito à vida definitivamente vai nos levar a algo diferente do que a mera paz ou a felicidade fugaz.
Texto: João Gaspar/ IELA
Texto: IELA
Texto: Elaine Tavares
Texto: João Gaspar/ IELA
Texto: Davi Antunes da Luz
Texto: Camila Feix Vidal - IELA