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Oswald de Andrade cada dia mais atual dentro e fora das letras

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Por Gilberto Felisberto Vasconcellos em 13 de fevereiro de 2025

Oswald de Andrade cada dia mais atual dentro e fora das letras

Oswald com Maria Antonieta de Alckmin

Na década de 20 a literatura de Oswald de Andrade foi considerada suicida pelo católico Tristão de Athayde. Volvidos trinta anos, em Paris, o cineasta marxista Guy Debord abordou a autodestrutividade da poesia. Em 1967 escreveu A Sociedade do Espetáculo a partir do fetichismo da mercadoria reconcebido por Lukàcs em História e Consciência de Classe de 1922.

Nelson Rolim, editora Insular, discípulo do argentino Jorge Abelardo Ramos, está dando a lume o meu livro Sol Oswald – A Ecologia Anticapitalista do Modernismo.

Iniciativa editorial audaciosa e, diga-se, pragmática porque o Oswald descolonizado dos trópicos será curtido pelo público ledor da São Paulo fóssil e poluído.

O meu livro vai vender que nem água entre Pinheiros e Perdizes. As coordenadas espirituais de Oswald de Andrade em São Paulo são Antônio Cândido, Haroldo de Campos, Décio Pignatari, Mário Chamie e José Celso Martinez, sem deixar de aludir ao poeta folk cibernético Cassiano Ricardo. Enfim, todo intelectual paulista quis ou quer ser Oswald de Andrade.

Sequestraram-lhe a dialética marxista. Eu pergunto: quem mais comunista do que ele na semana de 22?

Foi quem melhor entendeu Frederico Engels ao discorrer sobre o matriarcado de Pindorama. Indo além de Darcy Ribeiro que viu o índio de carne e osso.
A palavra “tupi” nunca foi falada pelo indígena, segundo o filólogo João Ribeiro. Oswald de Andrade mencionou o álcool – motor na década de 30. Eu falei isso para o meu amigo Bautista Vidal, o criador do Pró-álcool de 1974. Coisa de louco. Antes da termodinâmica. Escrevi esse livro com Bautista Vidal incentivado pelo cineasta Eliseo Visconti que foi amigo de Gondim de Fonseca.

Sol
Oswald

A contradição natureza e sociedade estava na luta de classes de O Manifesto Comunista de Marx e Engels. Em Oswald de Andrade a floresta dos trópicos será vista a partir da rua Barão de Itapetininga em São Paulo.

A ecologia oswaldiana é anti-mercadoria desde a poesia Pau Brasil. O sol é valor de uso. O dólar esconde o sol.

Sol
ci
a
lis
mo

Segundo os ditames cósmicos da escola de biomassa em sua versão marxista, eu coloquei o sol na luta de classes, e não esta no sol.

Em 1966 o médico Silva Mello escreveu A Superioridade do Homem Tropical editado por Enio Silveira. O percurso civilizatório é do quente para o frio, e não do frio para o quente.
Ateu, Silva Mello gozava os seus coleguinhas católicos: a civilização começou na África, Adão e Eva eram negros e não tinham olhos azuis.

Os manifestos literários de Oswald de Andrade não mais inventivos e profundos que a vanguarda europeia, de acordo com Benedito Nunes lá no Belém do Pará.

Somos é comidos pelo imperialismo com a ideologia do dejeto sem território.

Oswald de Andrade denunciou o comportamento letrado, institucional, careta e protocolar, não só em âmbito acadêmico.

Oswald de Andrade é ainda hoje recalcado por ferir as regras da arte, ou senão despolitizado é como porra louca, playboy, malandro, vagabundo e gozador.

O especialista em Oswald de Andrade, como todo especialista, é um chato.

“ – Escritores não me levam a sério, nem sequer me consideram também escritor, nunca consegui ser capitalista, tampouco comerciante.”

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