História e Pensamento Militar
Texto: IELA
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Panamá decide por mais uma obra no canal
23/10/2006
Por elaine tavares – jornalista
Foto: Histórico momento em que os estudantes decidiram entrar na zona do canal, em 1964
O Panamá decidiu este final de semana, em um plebiscito, construir mais um conjunto de eclusas no canal. Mas, esta foi uma decisão que não envolveu a maioria da população. Com um total de dois milhões e 131 mil eleitores, pouco menos de 40% saíram de casa e se dispuseram a participar da votação. Numa das maiores abstenções eleitorais do país, as gentes decidiram calar diante daquilo que os movimentos sociais entendem como um crime ambiental, um gasto absurdo em detrimento da vida dos pobres e um desalojamento gigantesco para as comunidades campesinas.
Ainda assim, dos 40% que votaram, 79% optaram pelo sim e 21% pelo não. O presidente Martín Torrijos, filho do general Torrijos que conseguiu fechar um acordo de devolução do canal por parte dos Estados Unidos, considerou esta decisão “histórica”, pois, segundo ele, nunca os panamenhos tinham conseguido participar de uma decisão assim. Isso é fato, mas o presidente não falou sobre como os meios de comunicação agiram nem do poder quase onipresente do capital financeiro e dos interesses internacionais.
A apatia do povo do Panamá sobre a questão do canal pode ser analisada de várias formas. Alguns dizem que ainda não se esvaiu o ciclo de medo e terror imposto desde a invasão do país pelos EUA em 1989. Outros falam em falência das instituições, visto que nenhuma das campanhas tocadas por partidos e movimentos sociais conseguiram aquecer o coração dos panamenhos. Também há quem diga que os pobres já estão fartos de ficar à margem das decisões e esta decisão de ampliar o canal já estava tomada. Outra interpretação é a de que o povo acreditou na promessa de que a obra vai trazer mais progresso e vida boa para todos. E , se assim, for, para que votar? Tudo já estava certo.
Agora, a vida será retomada no pequeno Panamá. O canal, que foi construído à custa de muitas vidas e que esteve nas mãos dos Estados Unidos até o ano 2000, vai consumir mais uma década de trabalho e bilhões de dólares. Por ali passam hoje apenas 5% do comércio mundial e, segundo dados do governo, com a nova eclusa, esse número vai dobrar. Resta saber se Martín Torrijos vai conseguir diminuir o abismo profundo que existe entre os ricos e os pobres daquele país. Com todo esse dinheiro fluindo para a obra, pode faltar verba para saúde, educação, segurança alimentar e outras necessidades do povo. Apesar do silêncio da maioria, quem decidiu acredita que a vida vai melhorar. Sem dúvida, a história dirá.
Texto: IELA
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